Hoje, eu vim partilhar com vocês sobre as Vocações, que são um grande tesouro na nossa Igreja, e um ponto fundamental para construir santos nela.
Estamos vivenciando o mês de agosto, que é o mês das Vocações. Foi definido pela CNBB, a Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros, com o intuito de levar-nos a uma maior reflexão acerca desse assunto. Além disso, de impulsionar-nos a rezar mais pelas Vocações, e para conscientizar a comunidade de sua responsabilidade no processo vocacional de seus componentes. Então, durante esse mês inteirinho, a Igreja trabalha esse tema no nosso meio.
Algo tão importante e valioso, que foi separado um mês para nos ensinar sobre.
Vejamos a preocupação que a Igreja tem de nos conduzir, de nos guiar, e a sua devida importância porque a vocação é o início de tudo! A chave para nossa vida realizada e feliz! Quando ouvimos a palavra vocação, podemos analisá-la como algo muito vago e generalizado, como uma qualidade que alguém tem, ou habilidade.
O irmão tem vocação para cantar; fulano, para outra coisa. Mas a vocação que a Igreja nos mostra vai muito além das nossas capacidades e talentos, é um presente de Deus para nós darmos testemunho de nossas vidas, e chegarmos ao Céu!
Para que nós possamos entender melhor, eu convido os irmãos a pegarem a Bíblia, no Evangelho de São João, no capítulo 15, 12-17. Qual é o maior mandamento que o Senhor nos deu?
É o amor! O Senhor nos fez para essa finalidade, que se chama amor. No versículo 13, Ele vai nos dizer que ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos. Então, o amor é uma oferta de vida. Quando eu sacrifico a minha própria vida tendo em vista o bem do outro. Isso que Cristo fez por nós.
Nós precisamos imitá-lo. Isso está intrínseco na nossa alma. Para que nós possamos atingir esse amor, Ele nos dá caminhos e meios para amarmos, presentes no nosso cotidiano. Mas há formas mais específicas através da vocação que Ele sonhou para cada um de nós. O que é vocação?
Vocação é um chamado. Uma convocação vinda diretamente sobre mim, endereçada à minha pessoa, a partir da pessoa de Jesus Cristo, convocando-me a uma ligação toda própria e única com Ele, a segui-lo. Vocação, portanto, é uma escolha pessoal de Cristo, a quem precisamos seguir com total empenho. Viemos dele e a nossa alma se inclina para Ele. Para aquilo que é eterno! Mais adiante o Senhor nos fala: “não fostes vós que me escolhestes, mas eu quem vos escolhi. Para que dê frutos e que o vosso fruto permaneça”. O ponto de partida vem Dele, não de mim. Ele quem chama, e eu tenho a minha liberdade para responder! Vocação é chamado e resposta. Uma semente divina ligada a um sim humano! Em alguns casos, a percepção do chamado e o sim não se dão de forma fácil e natural. Exige afinação com o divino e autoconhecimento, elaboração de si mesmo, sem as quais não há vocação verdadeira e real.
Essa escolha pessoal de amor que o Senhor tem para conosco inicia-se lá no nosso batismo. Nesse húmus divino, neste chão fértil, regado pelo sangue de Jesus, brotam as vocações específicas, aquelas que cabem diretamente a cada um. Repare como Deus é detalhista conosco, e como Ele tem sonhos e planos para nós.
Este mês nos convida a percebermos a importância da nossa vocação. A refletir os impactos que a boa vivência do nosso chamado causa na sociedade. Uma reflexão que, para aqueles que já tem sua vocação definida, deve transformar-se em ação, vivenciando no dia-a-dia o chamado que o Senhor nos dá. Sempre há algo que eu posso melhorar. Há sempre algo no qual eu posso aperfeiçoar-me na minha vocação.
Como esposa, como marido, como leigo, como padre, como eu posso amar melhor?
Quando descobrimos a nossa vocação, nós descobrimos o nosso lugar da Igreja. Nós descobrimos qual é o nosso compromisso com a Igreja, e como melhor eu posso servir a Deus e aos outros.
E quais são as vocações que existem na nossa Igreja?
Primeiro domingo: Vocações Sacerdotais – “Dia do Padre”
O sacerdote age em nome de Cristo e é seu representante dentro daquela comunidade. Ao padre compete ser pastor e pai espiritual para todos sob sua responsabilidade. Pela caridade pastoral, ele deve buscar ser sinal de unidade e contribuir para a edificação e crescimento da comunidade de forma que ela torne-se cada vez mais atuante e verdadeira na vivência do Evangelho.
Segundo domingo: Vocação Familiar – Dia dos Pais
Neste domingo celebramos a vocação da família na pessoa do pai. Em tempos de violência e perda de valores, a valorização da família é essencial para a sociedade como um todo. A família é chamada por Deus a ser testemunha do amor e da fraternidade, colaboradora da obra da Criação.
O pai na família é fundamental. Seu papel de educador, em colaboração com a mãe, é um dos pilares da unidade e bem-estar familiar cujos frutos são filhos bem formados e conscientes do que significa ser cristão e cidadão. O pai é representante legítimo de Deus perante os filhos e é sua missão conduzi-los nos caminhos de Cristo, da verdade, da justiça e da paz. Cabe aos pais que o amor, compaixão e harmonia reinem no lar.
Terceiro domingo: Vocações Religiosas – Dia da Vida Religiosa
No terceiro domingo do mês vocacional, a Igreja lembra-se dos religiosos. Homens e mulheres que consagraram suas vidas a Deus e ao próximo. Desta vocação brotam carismas e atuações que enriquecem nossas comunidades com pessoas que buscam viver verdadeiramente seus votos de castidade, obediência e pobreza. São testemunhos vivos do Evangelho. Perseverantes, os religiosos estão a serviço do Povo de Deus por meio da oração, das missões, da educação e das obras de caridade.
Com sua vida consagrada, eles demonstram que a vida evangélica é plenamente possível de ser vivida, mesmo em mundo excessivamente material e consumista. São sinais do amor de Deus e da entrega que o homem é capaz de fazer ao Senhor.
Quarto domingo: Vocações Leigas – Dia dos Ministérios Leigos
Neste dia, celebramos todos os leigos que, entre família e afazeres, dedicam-se aos trabalhos pastorais e também missionários. Os leigos atuam como colaboradores dos padres na catequese, na liturgia, nos ministérios de música, nas obras de caridade e nas diversas pastorais existentes.
Ser leigo atuante é ter consciência do chamado de Deus a participar ativamente da Igreja e do Reino, contribuindo para a caminhada e o crescimento das comunidades rumo à Pátria Celeste. Assumir esta vocação é doar-se pelo Evangelho e estar junto a Cristo em sua missão de salvação e de redenção.
É como se a Igreja fosse uma grande sinfonia, onde cada um toca sua parte, criando uma harmonia incrível.
Uma sinfonia de chamados. Imagine uma orquestra. Temos diversos instrumentos: violinos, flautas, trombones, pianos. Cada um com seu som único, mas que, juntos, criam uma música maravilhosa.
Na Igreja, é a mesma coisa. Existem diferentes vocações, e cada uma delas é essencial para a beleza do todo.
Sacerdócio: os padres são como os maestros dessa grande orquestra. Eles guiam e inspiram a comunidade, celebrando os sacramentos e cuidando do povo de Deus. Sem eles, a nossa sinfonia perderia um elemento fundamental;
Vida Consagrada: religiosos e religiosas, como os instrumentos de corda, trazem uma harmonia especial. Com seus votos de pobreza, castidade e obediência, vivem uma entrega total a Deus, sendo sinais vivos de seu amor no mundo;
Matrimônio: Os casais são como os instrumentos de percussão, dando ritmo e firmeza à sinfonia. Eles constroem famílias, pequenas igrejas domésticas, onde o amor de Deus é vivido no dia a dia e transmitido às novas gerações;
Leigos e Leigas: todos nós, jovens, adultos, trabalhadores e estudantes, somos como as notas que completam a melodia. Cada um com seus dons e talentos, servindo na Igreja e no mundo, fazemos a nossa parte para que a sinfonia seja completa.
O mais lindo dessa sinfonia é que não existe nenhum instrumento que se destaque mais que o outro, e cada instrumento precisa do outro para que o som saia perfeito. Crescendo na Fé. Durante este mês, somos chamados a refletir sobre a nossa própria vocação. Como posso, com meus dons e talentos, contribuir para a sinfonia da Igreja?
Talvez você sinta um chamado ao sacerdócio ou à vida consagrada. Talvez seu caminho seja o matrimônio ou uma vida laical dedicada ao serviço. O importante é escutar a voz de Deus e dizer “sim” ao Seu convite.
Passos para descobrir sua vocação
- Oração: reserve um tempo diário para conversar com Deus. Peça que Ele revele Seus planos para você.
- Reflexão: pense sobre seus dons e talentos. No que você é bom? O que te faz feliz? Como você pode servir melhor aos outros?
- Conversa: procure um sacerdote, um diretor espiritual ou alguém de confiança na sua paróquia. Partilhe suas dúvidas e busque orientação.
- Experiência: Participe de atividades na sua comunidade, como grupos de jovens, voluntariado e missões. Experimentar diferentes formas de serviço pode ajudar a clarear sua vocação.
Estejamos atentos à melodia. A sinfonia da Igreja é bela e única porque é formada por cada um de nós, com nossos dons e vocações. Neste Mês Vocacional, vamos abrir nossos corações e escutar o chamado de Deus, prontos para tocar nossa parte nesta grande melodia.
Afinal, quando cada um faz a sua parte, a música que criamos juntos é simplesmente divina. Descobrindo nossa vocação, somos parte de algo muito maior.
Somos parte da sinfonia vocacional da Igreja!
Alessandra Safira Capistrano
Consagrada na Comunidade de Aliança Filhos de Sião