O nosso ser Comunidade de Vida diz que nós somos o Coração da Vocação.
O que é o coração na Vocação? O que é o coração no ser humano?
No ser humano, o coração é o músculo mais importante do corpo. É algo que tem força! A cada batida, fornece alimento e oxigênio para todas as células. Sendo assim, é do coração que sai a vida para o corpo.
O que o corpo precisa vem do coração. Dessa forma, entendamos onde o Senhor quis nos situar e para onde nos chamou. Diante disso, precisamos ter um coração muito agradecido pelo chamado de Deus nas nossas vidas e mais ainda porque Ele nos chamou para a Comunidade de Vida, o lugar onde o Senhor faz com que a gente forneça todo o alimento e todo o oxigênio para o restante do corpo da Comunidade.
Um grande motivo de louvor!
O coração é um músculo pequeno, como nós Comunidade de Vida somos hoje, em relação à Comunidade como um todo. Porém, é este órgão pequeno que exerce tal importante função no corpo. Tenhamos em nós a alegria e o louvor!
Como é bela a teologia explicar a vida de São Paulo. Algo que é elevado pela teologia na vida dele foi a luta travada por ele para evangelizar as comunidades como homens livres, libertados por Jesus Cristo. São Paulo era um homem completamente livre, porque Cristo lhe deu vida nova. A teologia contempla a grande alegria de São Paulo por evangelizar, não com a Lei, mas com a vida, com esta vida nova dada por Jesus Cristo.
Hoje estamos aqui como famílias, homens e mulheres livres. Livres por alguém que nos libertou e isso já deve ser motivo de alegria para nós e motivo de estarmos aqui totalmente dispostos para ouvir o Senhor.
O retiro é o momento de entrar em contato com Deus, não é a penas uma regra de calendário. São Paulo fazia questão de que as Comunidades não nascessem e crescessem sob o peso da Lei, mas pela graça de serem livres em Jesus Cristo.
A ação que nos une a Deus nos dá a liberdade para estarmos em louvor e gratidão, ofertando-se a Deus e dispostos para escutar e entender o que o Senhor tem a revelar. Ele nos retira para se revelar a nós.
O coração saudável está em Deus.
Se nós somos o Coração da Vocação – este músculo mais importante do corpo, que bate e que a cada batida fornece alimento e oxigênio para todas as células – esse coração precisa estar saudável. Se esse coração não está saudável, o corpo todo padece. Está saudável não é estar isento de dificuldades, provações e tentações. Está saudável é estar na luta.
Nenhum dono de exército vai escolher para a luta soldado que esteja frágil e enfermo. Ele sabe que a derrota vai ser certa.
O que traz a saúde do coração é viver a primazia, como nos diz as nossas Santas Regras. Ter o coração saudável é a chave para o corpo saudável, para isso ele precisa de exercício para se manter em forma. A realidade hoje nos insere por necessidade a uma atividade física para que o nosso corpo responda às exigências dos dias de hoje.
Para que esse coração esteja saudável, precisa se exercitar. Caminhar, é o melhor exercício para o corpo. Aqui refiro-me, não a um exercício cardio, mas a uma saída. O nosso coração precisa sair! O coração saudável é livre e aberto. Não nos prendamos o coração contra Deus, irmãos. É ainda mais grave a nós mesmos.
Quando colocamos o coração em estado de saída, de quem caminha, o coração exercita o amor, o perdão, a misericórdia, a fraternidade. Ele vai experimentar a abertura para acolher o outro indiferente, que não me pertence e nem parece comigo. Isso é caminhar, o exercício de sair para que o coração fique saudável.
O coração é um órgão vital!
Quando o coração acaba, tudo morre. Aqui nós vamos entendendo o que nós somos na Vocação. Deus não nos chamou apenas para vivermos em casas comunitárias, a termos números contados de roupas, a renunciarmos estar nos lugares. Não é só isso, mas que fôssemos este músculo e órgão vital que bate, e que a cada batida, fornece alimento e oxigênio para o corpo que se chama Filhos de Sião.
Este é o cerne do chamado de Deus para as nossas vidas. A casa, a vida comunitária e as demais regras são o exercício que Deus faz para que esse chamado seja vida nas nossas vidas e não apenas uma vida parada ou de uma representação.
Chamados pelo Senhor para sermos esta força, este músculo que bombeia sangue para todo o corpo e é vida para o corpo, nós somos a Comunidade de Vida. Não é uma nomenclatura porque saímos de nossas casas, mas que dá sentido ao chamado e à escolha de Deus.
Nós somos o Coração na Vocação!
Vocação é um chamado, onde existe alguém que chama e outro que responde. O documento da vida consagrada diz que a vocação à vida consagrada ativa é viver o seguimento de Jesus. O que Jesus fez para começar a sua missão? Saiu escolhendo pessoas para fazerem parte do grupo Dele.
Somos chamados para seguir Jesus, e como pedem nossos Estatutos: Seguir mais de perto e nos conformar a Ele. No grupo de Jesus teve gente que o seguiu de longe, mas os doze o seguiram de perto. Somos o grupo que foi chamado para seguir Jesus mais de perto, com um estilo próprio, haja vista que o Carisma Filhos de Sião é dado pelo Espírito Santo.
Coração da Vocação, esse é chamado de Deus para vivermos o seguimento a Jesus Cristo, conformando-nos a Ele com estilo próprio, dado por Ele mesmo. O Senhor nos chamou para viver perto dele e nos deu este estilo de como vivermos o Carisma.
Como vivemos o chamado de Deus no Carisma Filhos de Sião?
O nosso estilo próprio é o que nós fazemos no Carisma, como Carisma e pelo Carisma.
Quando Deus nos chama para um Carisma a gente não vive o que “acha” ou “sente”, mas vivemos conforme o Carisma dado por Deus no chamado para respondermos a Ele com um estilo próprio.
Vivemos o chamado de Deus no Carisma Filhos de Sião amando Jesus Cristo de forma incondicional e a sua Igreja. Como almas esposas, vivendo a oração contemplativa, a conversão diária e a vida fraterna é o nosso estilo próprio de viver com o Carisma. Viver pelo Carisma é tornar Jesus amado através do Louvor e da Adoração.
Esta é a graça abundante da Comunidade de Vida que é fonte de germinação do Carisma. E como fonte, não seca, mas brota. Quanto mais se vai na fonte mais se tem!
Só tem um jeito de seguir Jesus Cristo e de tornar-se outro Cristo, através dos Conselhos Evangélicos da Pobreza, da Castidade e da Obediência.
Quis começar com a graça de São Paulo para não nos vestirmos de Leis, mas para vivermos o chamado de Deus. Eu desejo muito que a Comunidade Filhos de Sião seja uma Comunidade feliz seguindo Jesus Cristo. Feliz com todos os desafios, tentações, fracassos… Mas feliz! Pois eu posso olhar e ver que Deus me escolheu!
Os Conselhos Evangélicos não são capas que pesam em nós e que arrancam de nós o que não temos. Deus só vai nos pedir o que Ele mesmo nos dá para que possamos dar a Ele de volta. O que Deus dá a nós é para que tenhamos condição de dar a Ele e ao mundo. Então, os Conselhos Evangélicos não podem nos impedir de nos dar a Deus. Se vive os Conselhos Evangélicos olhando para Cristo e não para nós mesmos. Não devemos olhar para as nossas condições, porque nós não temos. É o olhar para Ele, fixo Nele, de onde recebermos a força para estarmos nesse seguimento.
Nosso Carisma nos leva a configurar com todas as áreas da nossa vida, de uma maneira especial, a servir a Igreja e ao mundo. Ele tem essa graça de nos tornar capazes de sermos servos em missões específicas. Renova todas as áreas do nosso ser e as converte a Ele, para que nos coloquemos à serviço.
A nossa vida consagrada é apresentada ao mundo por Deus através da nossa evangelização, que transparece na nossa vida. Missão diária de vida, a minha rotina é missão. Deus se apresenta em nós para o mundo. O mundo quer ver Deus e vai ver através de nós.
A carência do mundo é de ver Deus!
O Papa tem falado muito das periferias existenciais e Amedeo Cencine no diz que: “Devemos entender que há uma lição sutil e tenaz entre as periferias da vida de cada um, as internas a nós e estreitamente pessoais que são parte de cada um, mesmo se nunca ou pouco visitadas e aquelas em redor de nós, nos lugares, ambientes e pessoas mais ou menos distantes de nós. Uma ligação que podemos formular destes tempos, quase uma lei psicológica, é o tipo de relação que alguém estabelece com a sua periferia interior pessoal, que o inspirará de algum modo também à relação com as periferias exteriores a si e ao seu mundo.”
Nós sabemos que existem as periferias do nosso coração, ou seja, os lugares que nós não gostamos de visitar, pois ao visitarmos, descobrimos ainda mais coisas sobre nós. Assim como eu não tenho coragem de ir nas periferias interiores, eu crio periferia exteriores que também não tenho coragem de visitá-las e vou tendo uma relação distante com as pessoas.
O amor é capaz de reunir pessoas, lugares, ideias e conclusões diferentes. O amor reúne todos. É necessário estarmos com os nossos corações abertos para que não fiquemos presos e com medo de visitar as nossas periferias. As periferias externas não podem nos tornar distantes uns dos outros.
Tenhamos cuidado com o nosso coração, nós somos o músculo mais forte do corpo desta Comunidade. Somos aqueles que alimentam e dá oxigênio. Não podemos ficar cultivando periferias no nosso coração. Precisamos ser pessoas livres!
Quanto mais problema tiver com uma parte de mim ou com a minha história mais provável, pode ser que eu acabe por considerar não importante algumas categorias de indivíduos ou ambientes. O problema está em mim. Vivamos a realidade da vida livre de Cristo.
O coração que sempre tem ramos, que chega em algum lugar e em alguém é o coração da Comunidade de Vida Filhos de Sião!
Francisco Adriano Silva
Cofundador, Consagrado na Comunidade de Vida com Promessas Definitivas