Hoje, partilharei um pouco acerca da atuação da Graça da Renovação Carismática Católica não só em minha vida, mas na de cada um, aqui, presente. Na tua vida. Essa Graça que se originou da experiência de Pentecostes, e que se estendeu a milhares de pessoas ao redor do globo. A Comunidade Católica Missionária Mariana Filhos de Sião é uma das inúmeras filhas da RCC, portanto.
O ponto de partida dessa corrente da Graça, na Madre Igreja, realizou-se entre os dias 17 a 19 de fevereiro de 1967, em um retiro, capitaneado por alguns jovens da estadunidense Universidade de Duquesne. O retiro, centrado na Divina Pessoa do Espírito Santo, fundamentou-se no estudo e na leitura das seguintes obras: o Livro dos Atos dos Apóstolos (capítulos 1 a 4) e o “A cruz e o punhal”, de David Wilkerson, pastor americano. Sucedeu-se assim: sábado, à noite, enquanto se organizavam a comemorar o aniversário de um dos presentes, Patti Gallagher Mansfield, uma das futuras pioneiras da RCC, em todo o mundo. Ela sentiu-se fortemente atraída pela presença de Jesus Eucarístico, na capela. No entanto, ocorreu uma experiência inusitada: Jesus a atraiu para que rezasse de uma maneira distinta, guiada pela presença do Espírito Santo; os demais jovens, igualmente, também atraídos à capela, em suas orações, contemplaram a forte presença de Cristo, e, ali, experimentaram o Batismo no Espírito Santo.
Essa experiência, que transforma vidas, e que é de profunda restauração interior, meus caros irmãos, é a antecipação do amor da Santíssima Trindade, na Pessoa do Espírito. Deve-se desejar ardentemente provar de tal experiência. Nela, realiza-se, de forma extraordinária, o sobrenatural em cada pessoa que a experimenta. Repito: deseja tu provar ardentemente dessa experiência no Espírito Santo. Uma experiência transformadora, que move a cada pessoa com a força e Graças próprias do Paráclito. Ela representa a atuação visível do cuidado de Jesus, bom Pastor, com a Sua Igreja, em nossa época. Ela foi o pontapé da Renovação Carismática Católica, pouco depois do Concílio Vaticano II.
Se digo que essa manifestação do Espírito em nossos dias realiza-se de forma extraordinária, o Espírito já não se manifestava nas primeiras comunidades cristãs? Sim, Ele manifestava-se. O Paráclito sempre se manifestou na vida da Igreja. Primeiramente, em Pentecostes, de uma forma extraordinária e única, e que se registrou nos Atos dos Apóstolos. Dessa experiência, que encheu de coragem os Santos Apóstolos, vem-nos as belas páginas dos Santos Evangelhos, e o testemunho dos inúmeros Santos e Mártires.
Então, a questão é esta: sempre houve pessoas (e o Céu de Santos) que vivenciaram a atuação do Espírito Santo em suas vidas. No entanto, não se falava muito sobre essa Pessoa dentro da Igreja quanto se passou, posteriormente, a proclamá-Lo e a anunciá-Lo depois do Vaticano II e do retiro de Duquesne. Deus Pai, em Sua Providência, desejava que Seu povo experimentasse uma plena renovação espiritual; Ele desejava uma humanidade renovada. Assim, no começo do século XX, o Papa Leão XIII, sob a inspiração do Divino Espírito, proclama que o século que se iniciava seria dedicado ao Espírito Santo. Décadas mais tarde, escutam-se, nos dias do Concílio Vaticano II, convocado pelo Papa S. João XXIII, e finalizado pelo Papa S. Paulo VI, dedicado, também, à Pessoa do Espírito, as seguintes palavras: “as janelas do Vaticano foram abertas para que o Espírito Santo, um novo vento, um novo sopro, possa entrar na Igreja Católica, e renová-la plenamente.”. Contribui-se, além disso, para esse singular evento, a beatificação de Elena Guerra, em 1959, religiosa e apóstola do Espírito Santo, pela Sua Santidade, Papa S. João XXIII. Religiosa que, já no início do século XX, correspondia-se com Leão XIII, e falava sobre a necessidade de o Espírito Santo ser mais conhecido na vida eclesial.
Dessa maneira, meus irmãos, é que, após esses acontecimentos, presencia-se, em diversos países do mundo, e, na vida da Igreja, um “estouro” de grupos que nascem com uma experiência nova no que se refere ao modo de rezar, de expressar-se. Uma língua nova: rezar no Espírito, que muitos não compreendem. Nosso Senhor usa-se dessa experiência para anunciar o Seu desejo de renovação. Precisamos beber dessa graça! Saciemo-nos, irmãos! Em apenas 54 anos muito já se fez! Muitos frutos e bênçãos já foram derramados em virtude da ação do Batismo no Espírito Santo. Deus, em Seu Amor, não cessa de transformar crianças, jovens, adultos e famílias inteiras pela ação de Seu Espírito!
Nós, Filhos de Sião, também, nascemos dessa fonte inesgotável da Graça. Se essa manifestação da Graça, para muitos, ainda é nova, em 1996, aqui, era, praticamente, desconhecida. Se, na cidade de Marco, a essa altura, já existia algum grupo da RCC, afirma-se que era reduzido e ainda tímido. Era algo novo que surgia. Desconhecido, à época, para própria Santa Madre Igreja, e, dessa forma, dirigido em espírito de oração e de discernimento, formas de atuar da Igreja quando se trata de novas manifestações religiosas que estão a se desenvolver. No entanto, e, uma vez que era concreta ação de Deus e de Seu Espírito (que sopra onde quer, quando quer e como quer), chegou à cidade de Marco, onde se localiza a nossa sede, e a muitos outros que se deixaram alcançar por essa fonte da Graça, do Carisma, e por meio de alguns de nós, Filhos de Sião.
Costuma sempre dizer nossa fundadora que nascemos do tronco da RCC por conta de uma de suas experiências vividas em Coelho Neto, no Maranhão. No Marco, por sua vez, havia um coral que se chamava Harpa de Sião. Muitos dos primeiros da Comunidade eram membros desse coral. O casal responsável por aquela então juventude, o senhor Dôte e a dona Verônica, preocupado com a espiritualidade dos jovens que dirigiam, resolveu levá-los a um Seminário de Vida no Espírito Santo, proporcionado pela Comunidade Reflexo de Deus, em Fortaleza. Estamos em 1995. Naquele retiro, eles usufruíram de uma experiência de renovação plena, pela Graça do Batismo no Espírito Santo. Retornaram do retiro no seguinte estado: renovados, animados, com uma ainda vaga compreensão do que havia sucedido em suas vidas. Mas, com uma grande certeza: eram testemunhas oculares de uma experiência única em suas vidas. Cheios do desejo de continuar a caminhar como grupos de oração, de viver em unidade, de partilhar a Palavra de Deus, de louvar e de levantar as mãos aos Céus, sempre conduzidos pelo pároco, à época, Monsenhor Valdir Lopes de Castro, que se encontra em processo de beatificação. Servo de Deus Monsenhor Valdir, rogai por nós!
Caminhou-se até 1998 enquanto Grupos de Oração. Nascemos, precisamente, no dia de 05 de julho, enquanto Carisma. Nosso Senhor sempre quis mais e mais de cada um de nós. A Comunidade crescia. A Comunidade estruturava-se. E o Senhor revelava a Sua Divina Vontade para nós. A Graça de Pentecostes ardia em nossos corações. Nosso desejo de anunciar a Pessoa de Jesus Cristo levou-nos a Acaraú, a Bela Cruz, e a muitos outros lugares. Anunciar o Amor, o senhorio de Jesus: razão e sentido de nossas vidas. Gastamo-nos e consumimo-nos pelo Reino de Deus. Experimentamos dessa fonte inesgotável da Graça, e queremos que muitos outros a vivam, também. Que usufruam da experiência com a Pessoa Divina de Jesus Cristo.
A experiência com o Espírito Santo, meus caros irmãos, torna-se vida encarnada em cada um de nós. Ainda que esse desejo com o tempo enfraqueça-se, a experiência, única, perdurará. Essa experiência gerou em mim um profundo amor por Jesus, ainda que imperfeito, mas amor! Gerou em mim um profundo amor pela Sagrada Escritura, pela Sua Palavra! Não uma experiência regada a sentimentos, mas de profunda transformação interior, que o Senhor não cessa de renovar, diariamente, em mim. São palavras da própria Patti Mansfield: “precisamos pedir constantemente a Deus a graça de um Pentecostes pessoal e perene.”. Portanto, caríssimos, é vital para a nossa vida espiritual que, uma vez participado do Seminário de Vida, renove-se essa experiência muitas outras vezes. Que jamais se limite a uma única vez! Essa experiência, meus irmãos, tão forte, gerou em mim o desejo de conversão por amor a Jesus, de doar a minha vida por Ele, e para Ele, de consumir-me pelo Reino de Deus.
A experiência com o Espírito Santo gera, dessa forma, em cada um que O experimenta, o desejo fortíssimo de conversão. Tu medes a tua experiência com o Espírito à medida que tu desejas uma conversão sincera, profunda, e verdadeira. Se tu buscas sentido para tua vida, abra teu coração à ação do Espírito Santo! Tua vida será transformada! De minha experiência, eu desejei mais de Deus, e procurei doar-me mais a Deus! Ela fez-me reconhecer que tudo que eu fizer por Deus e para Ele ainda será pouco diante da necessidade de que a humanidade tem de conhecer o Amor, que eu experimento diariamente, e que desejo e espero que muitos outros O experimentem.
Mas será e é o Espírito Santo nossa força! É Ele que nos move e nos conduz! É o Espírito Santo a Graça abundante que quer ser derramada em ti! Em você! Sobre nós!
Marciele Silva Silvino
Consagrada na Comunidade de Vida Filhos de Sião