Formação

Os inimigos da alma

Conduzidos por Jo 2,15-17, podemos entender: 

Nessa passagem, ao falar sobre os perigos do mundo, São João cita três concupiscências: a da carne, a dos olhos e a soberba da vida. A concupiscência é o primeiro inimigo da nossa alma. Além dela, temos mais dois: o demônio e o mundo. São esses inimigos que nos levam a pecar.

Agora eu vos pergunto: O que é que significa concupiscência?

Segundo o CIC (Catecismo da Igreja Católica), concupiscência trata-se de uma inclinação para o mal e significa um desejo exacerbado pelo pecado. E hoje, neste tempo favorável da Quaresma, vamos aprender a combater as três concupiscências que São João relata em sua carta.

A primeira delas é a da carne, que é tudo aquilo que me inclina ao PRAZER. Se eu como demais, cometo a gula (que é o comer por comer, pelo puro prazer de comer). Essa concupiscência é “amoral”, ou seja, ela nos acompanha tanto para o bem quanto para o mal. É pecado quando o “prazer” se torna um fim e não uma linguagem, porque tendo o prazer como um fim, este tornar-se-á um vício. A concupiscência da carne, dessa forma, é a busca pela satisfação egoísta e imoderada, como o prazer sensual ou sexual, que são imoderações que nos levam à impureza e acabam se tornando vícios. Os nossos pecados tornam-se vícios quando não atingem mais só o nosso corpo, mas também a nossa alma. É o que acontece com nossos pecados de estimação.

Esses pecados que nos inclinam ao prazer atingem a nossa própria vontade e começamos a perder o autodomínio e o equilíbrio. Portanto, precisamos dominá-los e controlá-los. Mas como?

Eu aprendi algo muito interessante e vou compartilhar com vocês: a nossa vontade pode ser dominada por nossa inteligência, porque nós herdamos a inteligência dos anjos. Logo, somos seres bastante inteligentes. Dentre outras funções, Deus nos deu a inteligência também para que ela combata a nossa vontade. Quando a vontade de pecar vier, usemos nossa inteligência angelical para combatê-la, para nos desviarmos dela. Como dizem nossos Estatutos: devemos fugir das ocasiões de pecado. Algo que muito nos ajuda é a mortificação, a Confissão, a Eucaristia e propósitos alcançáveis. Não é bom fazermos propósitos longos. Corremos um sério risco de cairmos e permanecermos na mesma.

Na Quaresma, a Nossa Santa Mãe Igreja ainda nos indica um remédio para cada concupiscência. O remédio para a concupiscência da carne é o jejum e a penitência.

Crucifiquemos nossa carne dizendo não aos seus primeiros impulsos e fugindo de toda ocasião de pecado!

A segunda concupiscência é a dos olhos. Vejamos, como exemplo, a curiosidade e a avareza.

Meus irmãos, quantas vezes temos curiosidades doentias que não nos levam a nada! Para combatê-las, é preciso parar de se intrometer nos direitos de Deus, na vida dos outros. Além disso, a avareza, que é o amor desordenado aos bens terrenos. Aqui entra tudo aquilo que nos inclina para o TER.

O remédio que a Igreja nos dá para essa concupiscência é a esmola, ou seja, a oferta daquilo que temos. Somos convidados a agir com caridade e a nos desapegarmos dos bens, das coisas deste mundo.

E a terceira concupiscência é a soberba da vida. Podemos aqui destacar o orgulho, que é uma depravação muito profunda e o pecado que nos custou o Céu, sendo necessária a vinda de Jesus; e também a vaidade.

Só a intervenção de Deus nos faz vencer a luta contra o orgulho e contra a vaidade. Então, Deus permitiu as concupiscências para que lutássemos contra elas e provássemos o amor que temos por Ele. Como diz a música: Deus tem uma vida de graças e de vitórias para nós, mas há uma condição, que é a busca da santidade, a luta contra o pecado e contra tudo aquilo que nos separa de Deus.

Eu escolho não pecar por amor a Deus, sabendo que o meu pecado é uma ofensa ao seu coração. Porque eu amo a Deus, eu não quero ofendê-lo. E o amor exige sacrifícios, entre elas a renúncia a soberba da vida que está associada ao PODER. E o remédio que a Igreja nos orienta para combater o orgulho e vaidade, a sede do poder, é a oração.

No Evangelho de São Lucas 4,3 nós vemos o próprio Jesus sendo tentado nessas três concupiscências. Mas Ele estava sendo conduzido pelo Espírito Santo, e mesmo com sua humanidade fragilizada, usou de inteligência para vencer a tentação do inimigo, que é astuto e que conhece nossas fraquezas.

Como Jesus, precisamos fugir das ocasiões de pecado. No entanto, se cairmos, devemos procurar os Sacramentos que nos colocam de pé novamente. Nossos Estatutos nos dizem e reconhecem que: “O Filho de Sião deve apropriar-se do Sacramento da Confissão ou penitência como um meio eficaz de aproximar-se de Deus e da sua santa vontade. É preciso que cada membro aproveite o máximo possível esse Sacramento em sua vida para purificar-se de todos os males que o aflige.”

Sempre que sua consciência pesar, procure um sacerdote, busque a confissão. Use sua inteligência para vencer sua vontade e não lute sozinho!

NÃO DESPREZE A GRAÇA SANTIFICANTE DA CONFISSÃO!

Já dizia o Papa Francisco: “Confessar-se é dar ao Pai a alegria de nos levantar de novo.”

Geraldo Luan Neves Leorne
Consagrado na Comunidade de Vida Filhos de Sião

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