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Quaresma 2025 – Conduzidos pelo Espírito Santo ao Deserto: “E Jesus, dando um grande grito, expirou” (Mt 27,50; Mc 15,37)

Quinta Semana: “E Jesus, dando um grande grito, expirou” (Mt 27,50; Mc 15,37)

Grande mistério implica este grito de Jesus moribundo, o qual não podemos deixar cair no vazio. Se Jesus o emitiu, foi para que fosse ouvido.

O grito de Jesus na Cruz é um parto. Naquele momento nascia um mundo novo. Era derruído o grande “diafragma” do pecado e a reconciliação se operava. Foi, portanto, um grito de sofrimento e simultaneamente de amor. “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. Nós devemos acolher esse grito de amor, deixar que ele nos abale até o fundo das vísceras, que nos transforme. Bem sabia Jesus que só havia uma chave capaz de abrir os corações trancados, e esta não é a injúria, não é o mau juízo, não é a ameaça, não é a vergonha, não é nada disso. Só o amor. A arma de Cristo para cada um de nós, foi o amor. Esse amor é revelado aos pequenos. Exponhamo-nos a esse amor como a luz de um sol de verão.

Vejamos três qualidade do amor Redentor:

Sua primeira qualidade é ser amor dos inimigos. “Quando éramos inimigos, fomos reconciliados”. Jesus afirma que não há maior amor do que dar a vida pelos próprios amigos (Jo 15, 13). Mas é preciso compreender bem o que significa a palavra amigo. Ele demonstra que há um amor ainda maior do que este, maior do que dar a vida pelos próprios amigos, que é dar a vida pelos próprios inimigos. Então que se entende por amigos? Não os que te amam, mas os que tu amares. (Amigo tem um sentido passivo de “amados”, não o ativo de amante. Jesus chamou Judas de amigos (Mt 26,50), não porque este o amava (estava traindo), mas porque ele o amava. E que significa aqui a palavra inimigo? Não aqueles que tu odeias, mas os que te odeiam. Deus a ninguém odeia, da sua parte não considera ninguém inimigo. Bons e maus são todos igualmente seus filhos.

A segunda qualidade é ser um amor atual. Não um fogo extinto, não coisa do passado, de dois mil anos atras, do qual só resta a lembrança. Está ativo, está vivo. Se necessários fosse, ele morreria de novo por nós, porque o amor que o levou a morrer mantem-se imutável. O amor age no nosso meio como uma pessoa que está presente, que não é só uma realidade, mas uma pessoa: o Espirito Santo. É, portanto, um amor vivo, atual, palpitante, como é vivo, atual e palpitante Espirito Santo. No passo em que os outros evangelista haviam dito que Jesus “dando um grande grito expirou”, São João diz que “inclinando a cabeça entregou o Espirito” (Jo 19,30). Isto é, não só expirou, mas deu o Espirito Santo, o seu Espirito.

Terceira qualidade: o amor do Redentor é um amor pessoal. Ele não amou a multidão, mas os indivíduos, as pessoas. Morreu por mim e devo concluir que teria morrido igualmente, embora o único a salvar sobre a face da terra fosse eu. Isto é certeza de fé. “Ele me amou e entregou-se por mim” Ele conhece suas ovelhas pelo nome, chama-as uma a uma (Jo 10,3). Para ele nenhuma é um número. Como diz o profeta: “Não temas, porque eu te resgatei, chamei-te pelo nome, tu me pertences… Tú és precioso a meus olhos, porque és digno de estima e eu te amo. (Is 43, 1.4). tudo está no singular. Quão suave são as palavras para quem se sente miserável, indigno, abandonado por todos, se ao menos tiver a coragem de meditar nelas.

Leia São Mateus (27,50) quantas vezes for preciso. Escute esse grito. Visualize esse momento você estando presente. O texto diz que esse momento foi como que um parto. É hora de nascer. É hora de vir a vida. Na morte ele deu-nos a vida. Deixemos que todos os sentimentos de morte, de tristeza, angustias solidão, desespero, ruinas, morra em cada um de nós. Agora é a vida que reina. Ele nos deu a vida. Tudo passou. Escolhe, pois a vida.

Diante das qualidades do amor de Jesus, mergulhados no mais íntimo de cada um de nós, analisemos nossas qualidades baseadas no amor de Jesus por cada um de nós. Peçamos ao Espírito Santo para que nossa vida seja mergulhada na vida de Cristo. Precisamos sermos emergidos nesse amor que me leva a vida extraordinária, a vida de amar mais. Amar do meu jeito não, amar do jeito de Cristo. Isso é possível irmãos. Ele nos chamou para uma vida unida a dele. Que esse grito nos faça nascer de novo para uma vida nova. Ele mesmo nos chama. Venham a mim, mesmo que não tenha como comprar, vinde comer de graça. Esse é o chamado do Senhor, venham.

Escreva tudo que Deus falou durante esse deserto para suas palavras seja luz para esse novo tempo que se aproxima. Vamos celebrar a ressurreição do Senhor com o coração livre e disposto a amar ais e a servir melhor.

Bibliografia:
Angelus do Papa Francisco (2021);
Pregação do Frei Raniero Cantalamessa (2014);
Raniero Cantalamessa – Nós pregamos Cristo Crucificado.

 

Francisco Adriano Silva
Cofundador e Formador Geral da Comunidade Filhos de Sião

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