“Nem tudo que é ouro fulgura, nem todo vagante é vadio; O velho que é forte perdura, Raiz funda não sofre frio. Das cinzas um fogo há de vir, Das sombras a luz vai jorrar; A espada há de nova luzir. O sem-coroa há de reinar.”
São palavras que definem esperança. Palavras de alento que germinam na terra seca. São palavras de alento, sobretudo se os resultados obtidos indicam a presença de desastre. Lembre-se: “Das sombras a luz vai jorrar; A espada há de nova luzir. O sem-coroa há de reinar.” É um bom momento para tomar decisões. Lembre-se do frio que ainda não chegou em suas raízes fundas e o andar vagante da carruagem não significa o vazio. O que segue vem tirar-nos de uma atitude derrotista.
O roteiro deste caminho vai tirar-nos de uma atitude derrotista e de entrincheiramento para trabalharmos pelo nosso bem comum. Vamos trabalhar para o nosso bem comum? Eu quero que você fique bem!
Conduzidos por São Lucas 14, 25-33.
São Lucas há mais de dois mil anos ofereceu-nos os recursos para evitarmos todo tipo de desgaste: calcular e examinar. A nossa vida é assim. A gente precisa calcular cada passo e sua decisões, e examiná-las. Temos formadores comunitário e pessoal. Podemos fazer isso junto deles.
Depois de calcular e examinar é tomada a decisão
O que devemos considerar para calcular, examinar e tomar uma decisão? Toma-se decisão com base nessas coisas.
Características Pessoais: conhece-te a ti mesmo! Considere que cada indivíduo é um ser único. Não se pode comparar com outro. Somos únicos com atitudes e reações. As características, a história afetiva e a ideia que tem de si mesmo e do trabalho que faz, como interpreta, valoriza e enfrenta são na realidade fatores que influenciam as suas reações emotivas e capacidades de suportar tensões.
Procure conhecer sua história afetiva. Qual ideia que você tem de você mesmo? Qual ideia que você tem da sua missão? Como você interpreta, valoriza e enfrenta o que lhe é confiado? São nas realidades fatores que incentivam suas relações emotivas.
O nosso interior é o resultado das nossas emoções!
A partir dessa estrutura pessoal, comprovamos que há indivíduos mais vulneráveis do que outros. Entre nós há irmãos mais vulneráveis do que outros. Pode traçar-se um perfil dessas pessoas vulneráveis. O processo é de conhecimento para trabalharmo-nos e ficarmos de pé.
O perfil da pessoa vulnerável: tem dificuldade de definir os limites das relações com os demais. Amizades exclusivistas que passam dos limites. Não sabe até onde pode ir nas relações. Compromete-se com inúmeras tarefas sem ter consciência de suas possibilidades e sem avaliar riscos e recursos. Por outro lado, são frágeis e dependentes ao lidar com os outros e procuram satisfazer no trabalho apenas as necessidades de realização, afeto e aprovação. Faz tudo por que quer ser aprovado pelos irmãos, ser aceito e reconhecido. É uma forma de ganhar afeto dos irmãos. É uma pessoa dependente, frágil e toda fragilidade tenta compensar naquilo que faz na missão. Por isso aceita tudo.
A pessoa vulnerável não oferece intimidade. Todo estranho sabe da sua vida e lhe vê por dentro e por fora. Não sabe colocar limite em sua vida. A pessoa menos vulnerável é fechada a ter relação com os demais. Não se consegue saber nada. Não se sabe do que seja capaz. Embora sendo aparentemente menos vulnerável, há a falha na intercomunicação de bens afetivos e materiais com os seus semelhantes.
Nem podemos ser uma pessoa transparente demais na qual perdemos nossa intimidade nem podemos ser fechados ao ponto de não recebermos afeto algum. O homem nasceu para conviver.
O que cabe a nós é sermos bem distribuídos. As coisas nos lugares certos e com solidez
A psicologia cognitiva estuda como a realidade é percebida pela nossa mente, como nós percebemos a realidade das coisas, o hoje, o tempo, a maneira como armazenamos as informações e as condutas com as quais respondemos. Todos nós percebemos, armazenamos e respondemos as coisas de um jeito diferente.
Ela foca seu interesse na pessoa e no ambiente, pois somos frutos do meio, ocupa-se dos elementos psicológicos dos nossos sofrimentos e propõe caminhos úteis para nossa recuperação.
A psicologia cognitiva nos conduz a sair do sofrimento. Somos comparados às cebolas. Temos muitas camadas. Assim, como muitas vezes não gostamos de descascá-las, devemos esforçarmo-nos por fazê-lo. Tentemos descascá-las!
A psicologia cognitiva preocupa-se com minha percepção do ambiente e a maneira pela qual eu recebo e respondo às informações. Dessa maneira, propõe-nos uma série de conselhos.
1° conselho: concentrar-se no campo de influência atual
Todos nós precisamos delimitar nosso campo de influência e o momento em que vivemos como a única possibilidade de tomarmos decisão. Qual seu campo de influência? Pensamos às vezes coisas grandes, e frustramo-nos. É a Paróquia? Grupos? Família? Vivemos no tempo. Nesse tempo, o postulante pode isso. No Discipulado aquilo. A decisão toma-se hoje. No campo de influência concreto que nos cabe viver. Qual? A Comunidade de Vida. Esse é o campo mais concreto que temos aqui.
Devemos tomar decisões com base nisso. Os psicólogos recomendam-nos mudar apenas nos detalhes. Na maneira pela qual obedeço ou trabalho, por exemplo. A maneira pela qual lavo as roupas dos irmãos. Lavarei cheias de amor. O meu desejo é que estejam perfumadas. O que nos esgota é o como fazemos as coisas. É o prazer que se deve colocar em cada ação pessoal. Cada ação deve realizar-nos.
Como obedecemos? Como trabalhamos? Como executo cada coisa?
A maneira pela qual executo as coisas trabalha em mim as minhas emoções. Se não cuidarmos dessas emoções, nascerão sentimentos negativos, os quais, por sua vez, gerarão a fatalidade. A impossibilidade de mudar as coisas. Seremos pessoas sem ação.
Não perguntemos as origens. Rompamos com o círculo vicioso. Mudemos as pequenas coisas. Observemos os pequenos detalhes que nos cercam. Nos momentos de descanso, caminhemos, contemplemos a natureza, rezemos nosso terço.
Como varremos? Como comemos? Como amamos? Grandes coisas não mudam. As pequenas sim. Coisas aparentemente insignificantes podem ser mudadas, e eu posso fazê-lo mudar. Hoje.
Transformemos coisas negativas em boas, portanto.
2° conselho: um ambiente belo e agradável
Olhemos o que nos rodeia. Precisamos embelezar o ambiente que nos rodeia. Sempre me impressiona a Misericórdia pelos mesmos jarros e flores amarelas.
Uma consequência indesejada do esgotamento chama-se o descuido pelo ambiente em que passamos a maior parte do tempo. Conseguir que o ambiente em que estejamos permaneça limpo e digno depende unicamente de nossas decisões. Mas não se trata de fixação, ou toque, como se costuma denominar.
As pequenas ações impactam as pessoas. Limpemos o guarda-roupas. Cuidemos de arrumar as coisas. Façamos uma lista de coisas desagradáveis que devemos retirar de nossos ambientes de trabalho, ou dos locais nos quais passamos a maior parte do tempo. Escutemos música. Ela anima-nos, cura-nos. Leia bons livros. Tenha interesse pela vida do irmão.
Zelemos pela harmonia e ordem de nossos ambientes. Melhoremos nossos ambientes.
3° conselho: trabalhar menos ao contrário de mais
Como se faz isso? O trabalho pesado e tedioso de todos os dias pode ser tolerado e mais eficiente quando:
- Estabelecemos objetivos realistas. As utopias seduzem-nos e dão-nos forças para caminhar. Mas para que possamos chegar lá devemos ter passos concretos. Não vivamos só de sonhos. Andemos com os pés no chão. Considere sempre em você capacidade e limite. Tenhamos objetivos específicos e factíveis. Sejam possíveis. Eles acontecerão.
- Usamos a nossa criatividade. Com ela podemos realizar as mesmas coisas de maneira diferente. Ela tira-nos do desânimo. Dá-nos liberdade pessoal. Sejamos criativos.
- Planejamos o tempo adequadamente. Organize a agenda. Estabeleça rotinas. Tenhamos domínio sobre o tempo. Assim não gastaremos tempo em vão. Evitaremos a fadiga. Se não nos planejarmos, correremos sempre atrás de um ônibus que já passou. Não se planejar é viver alienado.
- Refletimos sobre o que fazemos. A ação e o pensamento devem estar de mãos dadas. As coisas sempre são imprevisíveis. Devemos adequar nossas mentes a essas realidades. Os desafios são oportunidades para que pensemos como superá-los. Conversemos com nosso próximo, sempre com filtros. Temos recursos suficientes para vencê-los. São oportunidades de conhecer aos meus companheiros. A isso se denomina sinergia: a cooperação harmônica para que se resolvam os problemas inúmeros que surgem.
Baseado no livro: O cansaço dos bons – Roberto Almada
Vander Lúcia Menezes Farias
Fundadora e Moderadora Geral da Comunidade Filhos de Sião