Se eu estou vivo(a), a Comunidade está viva, se eu estou eficaz, a Comunidade está eficaz. No meio da crise, o Papa nos convocou para juntos sonharmos, encontrarmos esperança, planejarmos um mundo melhor e mais cheio de vida.
O Papa nos diz que primeiro nós precisamos ver, depois disso discernir para escolher. A pessoa que vive da fé vive sempre em discernimento. Um tempo de provação é sempre um tempo para distinguir os caminhos do bem de outros caminhos que não nos levam a lugar nenhum ou nos fazem retroceder.
Em tempos de provação, precisamos viver a firmeza de nossa fé. A hora de crise não é hora de mudanças ou coisas afins, mas de permanecer firme e viver a fé como nunca se viveu. Mantermo-nos fiéis ao que importa.
Para vivermos este segundo passo, que é o do discernimento, o Papa nos diz que precisamos de um conjunto de critérios que vão nos ajudar a discernir:
- Saber que somos amados e amados por Deus. Este critério deve ser levado em consideração em todo e qualquer discernimento feito por nós. E para nós, Filhos de Sião, ainda somos amados com amor de proteção.
- Somos chamados enquanto povo ao serviço da solidariedade. O Carisma o qual sou chamado me leva à solidariedade.
- Precisamos de uma saudável capacidade de reflexão silenciosa, em momentos de crises e dificuldades é preciso sair do barulho, pois ele nos sufoca.
- Precisamos de um lugar de refúgio da “tirania do urgente”. No mundo de hoje, tudo é para ontem! Precisamos agir como nosso Deus: Ele é paciente. Nós fomos enxertados nessa tirania do urgente, a ponto de que não se pode mais rezar, pensar, perder tempo e até mesmo discernir. Mas o nosso Deus é o Deus da paciência.
- Precisamos de oração! Ouvir o chamado do Espírito Santo e cultivarmos o diálogo. A Comunidade está aqui para nos apoiar e nos convidar a sonhar juntos.
Essas armas nos levam a escolher o caminho certo. Esta é a hora de se perguntar o que está rodeando a Comunidade. Por isso, o passo do discernimento nos permite perguntar: O que o Espírito está nos dizendo? Que graça está sendo oferecida? Quais são os obstáculos? O que humaniza e o que desumaniza?
Dentro desta realidade: onde está a boa notícia? Deus não deixa nada sem solução!!!
Em toda situação difícil e de crises há um mau espírito disfarçado de anjo de luz. Cuidado também com os falsos Messias que vão ter solução para tudo. Deus atua na simplicidade dos corações abertos e na paciência dos que sabem esperar até conseguirem ver claramente.
A paciência tudo alcança! Deus age na paciência e nós precisamos agir nela também, pois conseguiremos ver as coisas claramente. Discernindo o que é e o que não é de Deus, começamos a ver onde e como agir. Vamos começar a discernir dentro dos nossos grupos e ministérios o que não é de Deus, ou seja, vamos deixar o que é de Deus e tirar o que não é.
Os espíritos maus falam línguas diferentes, têm modos diferentes de tocar no nosso coração. A voz de Deus nunca se impõe, mas propõe, ao passo que o inimigo é barulhento, insistente e monótono. A voz de Deus pode nos corrigir, mas, suavemente, encorajando, consolando e nos dando esperança.
O mau espírito, em contraponto, oferece-nos ilusões brilhantes; sentimentos tentadores, mas passageiros; explora nossos medos e suspeitas e seduz-nos com a riqueza e o prestígio. Se o ignorarmos, este responde com desprezo e acusação nos dizendo que “não valemos nada”. A voz do inimigo tem nos distraído, fazendo com que foquemos em temores do futuro e feridas do passado.
A voz de Deus, por outro lado, fala para o presente nos ajudando a avançar no momento concreto em que nos encontramos. O que vem de Deus pergunta: o que é bom para mim e o que é bom para nós? A voz de Deus, portanto, “abre horizontes”, diz-nos o Santo Padre.
Aprender a distinguir esses dois tipos de vozes faz com que optemos pelo caminho certo a seguir. É preciso que nós distingamos o espírito que nos chega. Onde o Espírito de Deus está presente, há sempre um movimento visando a unidade.
Deus não nos quer uniformes: Ele nos quer um, unidos!!
Para sonharmos um futuro diferente na Comunidade, devemos escolher sempre a fraternidade a cima do individualismo. Ser fraterno é ser irmão. O todo é maior que a parte. A fraternidade e o sentimento de pertencer uns aos outros é o que vale. Ninguém pode viver um carisma, um sonho de Deus, se não alimentar a fraternidade e o sentimento de pertença.
O Papa também nos pede: Fuja do mal da consciência isolada. Isso o leva a sentir-se superior ao outro. Quem vive para si e não pensa no outro, não pensa na obra de Deus. Você se sente superior ao corpo de Cristo.
Não existe vacina contra a consciência isolada, pessoas “ensimesmadas”, mas há um antídoto contra esta consciência que é a acusação de si mesmo. Ao nos acusarmos, nós nos rebaixamos e abrimos espaços para que a ação de Deus nos una. A consciência isolada acusa o outro e a acusação de si mesmo frutifica a unidade. Em vez de se justificar, a acusação de si mesmo expressa o que Jesus chama nas bem-aventuranças de pobreza de espírito.
Na atitude de se rebaixar, imita o ato de se humilhar e se aproximar da Palavra de Deus. É a humidade de confessar suas faltas, não para nos punirmos, mas para reconhecer nossa dependência de Deus e necessidade de sua graça.
Em vez de acusar os outros por seus erros e limitações, ache algum erro em você mesmo!!!
O convite de Deus para nós é o da bem-aventurança. Que nós possamos parar e nos perguntar: O que foi que eu fiz de errado? Deixar de acusar o outro e olhar para si próprio, afinal, nós também temos defeitos.
Vander Lúcia Menezes Farias
Fundadora da Comunidade Filhos de Sião