O Retiro Vocacional Filhos de Sião reúne os vocacionados 2022 para selar o ano formativo e de discernimento, bem como, em preparação para o pedido de ingresso na Vocação Sião, com o tema: “Venceste-me, Senhor, agora sou Teu!”.
Os Estados de Vida segundo a Vocação Filhos de Sião
A motivação matinal do retiro se deu com uma formação acerca dos Estados de Vida na Vocação Filhos de Sião. Recordando o princípio de sua vida vocacional, a fundadora Vander Lúcia partilhou um cântico que aprendeu, abrindo os corações dos vocacionados para viver este momento: “Quero tanto aprender, junto do Teu coração, quero amar e conhecer, conhecer o Teu coração”. Ela ainda concluiu que: Só quem conhece o coração do Senhor é capaz de superar as marés!
Estados de Vida na Igreja
Considerando o que foi dito até aqui, entende-se por estado de vida a condição esponsal que o fiel assume, a fim de encontrar-se com o Esposo – Cristo. Essa condição se refere tanto aos esposos no Sacramento matrimonial, como também aos que consagram suas vidas a Deus no celibato. A partir da opção feita, contando com suas bênçãos e seus desafios, cada uma dessas vias possuem suas finalidades particulares. Vejamos, brevemente:
- Vocação matrimonial: Unitiva (união entre os esposos); procriativa (abertura à vida) e; a educação dos filhos no amor e na fé católica.
- Vocação clerical: Homens que abraçam a castidade consagrada pelo celibato, dentre outras peculiaridades, configurando-se a Cristo Sacerdote.
- Vocação celibatária: Homens e mulheres que, conduzidos por um Carisma e/ou de uma Instituição, fazem votos de pobreza, obediência, e castidade celibatária.
Discernir para bem decidir
É necessário discernimento dentre tais vias. Embora quando jovens, a maioria se enxergue na vocação matrimonial, por ser a mais comum, isso não significa que o Senhor nos chama a esta realidade. Vejamos que é preciso calma, discernimento e maturidade, pois, na Comunidade, cremos que o melhor estado de vida é aquele que melhor nos ajuda a servir a Deus e construir o Seu reino (EFS 4, XV, art. 59).
Para alguns, o estado de vida é muito claro, há uma facilidade em ser distinguido, para outros não. Porém, uma vez discernido e decidido, arquemos com as consequências – renúncias, dificuldades, prazeres e desafios. Sendo assim, resta pedir a Deus a fidelidade no que já foi definido. Aqui, vale ressaltar que é dever da Comunidade a condução e a formação de famílias e consagrados celibatários santos, modelos para a sociedade.
Mas afinal, como discernir? Conhecendo! No matrimônio, pode-se procurar dentre os casais, com a família ou os amigos, observar suas alegrias e lutas. No sacerdócio, conviver com os sacerdotes e irmãos celibatários, verificando sua forma de viver, entendendo sua solidão e suas esperanças… E diante daquilo que foi possível notar, questionar-se: É isso que quero para mim? É para isso que o Senhor me chama?
Liberdade de decisão
Na carta de São Paulo aos I Coríntios 7, 25s, o apóstolo se refere a todos os estados de vida, orientando à fidelidade dos esposos e à disponibilidade dos solteiros. Também reforça que podemos escolher – embora ele mesmo apresente sua “preferência” ao celibato –, tendo em vista as dificuldades do tempo presente (cf. I Cor 7, 26).
Destaca-se, ainda, que não podemos ser coagidos à consumação do estado de vida a ser assumido – somos livres! Trata-se de uma decisão pessoal, que não passa pela ‘permissão’ de terceiros – embora bem intencionados –, pois cada um será responsável pessoalmente, e viverá as realidades próprias de sua escolha.
Estados de Vida na Comunidade
Segundo os Estatutos da Comunidade Filhos de Sião (art. 59): “O estado de vida é um dom e um chamado pessoal que o Senhor concede a cada irmão, segundo a Sua vontade, para que ele possa amar e servir melhor ao Senhor e aos irmãos, viver melhor a Vocação Filhos de Sião e nela doar-se em abertura e em serviço. É Deus quem interpela a pessoa de maneira única e convida a amá-Lo.”
Observando a situação atual, no mundo no qual estamos inseridos, percebe-se que o estado de vida matrimonial, por exemplo, não tem respeitado as finalidades expressas pela Igreja. Ora, na Comunidade, somos impulsionados para que as famílias sejam formadas na Verdade, com o intuito de bem criar os próprios filhos; viver a renúncia entre esposos, morrendo pra si; e arrebanhando as demais famílias através do bom exemplo – ainda que esta seja a contramão do mundo!
Um estado de vida acertado traz uma vida plena, cheia de alegria e realização!
Na Comunidade, acolhe-se todos os estados de vida: desde o matrimônio, fomentando famílias santas; sacerdotes, contando com o apoio e o discernimento do Bispo local; e o leigo celibatário, que fará seu voto e receberá da Vocação uma aliança personalizada, refletindo sua aliança com Cristo, dentro do Carisma Filhos de Sião.
Uma vez escolhido o estado de vida, façamos a diferença: renunciemos, consertemos, transformemos. Estado de vida não se volta atrás! Contemos com a graça de Deus.
Vander Lúcia Menezes Farias
Fundadora da Comunidade Filhos de Sião