Formação

Sábado Santo: A vivência do silêncio, da meditação e da oração

Guiados por São João 20, 1-10. Neste dia em que a Santa Mãe Igreja vive o silêncio e a oração, será que nós conhecemos todos os sofrimentos de Cristo em reparação às nossas vidas? Santo Agostinho diz que só amamos o que conhecemos!

Assim, no silêncio orante e de respeito, de meditação vivemos este dia, pois sabemos que Jesus desceu à mansão dos mortos… E esperamos confiantes Sua ressurreição, em profunda contemplação.

Voltemos ao sofrer de Cristo. Um malfeitor, àquela época, era açoitado quarenta vezes como punição (cf. Dt 25, 3), mas Jesus – segundo relatos de historiadores – sofreu mais de cinco mil chicoteadas. Por isso, Ele ficou desfigurado (cf. Is 52, 14).

Enquanto Cristo padeceu amargamente por amor – suou sangue, agonizou, carregou a pesada cruz com inúmeros ferimentos por todo Seu santo Corpo, coroado de espinhos… Nós, ao contrário, na nossa vida não queremos passar pelo sofrimento.

Meditemos a Paixão

Embora queiramos estar livres da dor, do sofrer, devemos meditar olhando a Paixão de Cristo. Subindo o monte Calvário, Jesus encontra o discípulo amado. Também nós devemos estar ali, junto de Cristo crucificado. É o que Ele espera de nós!

O que nós conhecemos do sofrimento de Cristo? Só pode conhecer aqueles que vivem os seus próprios sofrimentos unidos a Jesus. Foi por amor que Ele sofreu tão grande dor na Paixão.

Aqueles que não sofrem por amor, não conheceram a Cristo. Para conhecê-lO e amá-lO, precisamos encontrá-lO! Precisamos ir ao encontro do Senhor!

Vamos ao encontro do Senhor

Ao vermos o Sacrário e o altar vazios nas Igrejas e capelas, podemos questionar como aquela Maria do Evangelho: “onde colocaram o meu Senhor?” (cf. Jo 20). Ela foi ao encontro de Jesus antes do sol nascer porquê tinha sede d’Aquele que a amou por primeiro. Assim, amanhã, no Domingo da Ressurreição, queiramos encontrar Cristo antes do sol nascer! A exemplo daquela mulher.

O Sábado Santo como que apresenta a “ausência de Deus”. É um dia silencioso, cinzento, aponta-nos para o sepulcro, onde nada acontece aparentemente… Uma desilusão diante do “fracasso de Jesus”. Mas não, Cristo é vencedor! Da morte, do pecado, do sofrimento.

Por essa razão, nós cremos que Ele está verdadeiramente vivo, no meio de nós. Como a Virgem Santíssima creu, sendo para nós o maior exemplo de fé perante o sofrimento. Ela sempre soube que Seu Santíssimo Filho ressuscitaria! Esta fé viva, que Jesus está vivo, é a que devemos imitar. Junto de Maria devemos estar! Cristo sacrificou o corpo, e Ela a alma.

Viver bem as contrariedades

Diante disso, nossos Estatutos nos ensinam que o Filho de Sião não murmura, isto é, sabe viver bem o sofrimento, as contrariedades.

Todos atravessamos períodos de tristeza, fracasso, frustações… O Sábado Santo reflete a dor humana. Mas Cristo é vencedor! É necessário que aprendamos viver o Sábado Santo nas nossas vidas.

“Pessoalmente, posso dizer que nos meus maiores sofrimentos, pude encontrar o amor de Deus por mim”.

Como Cristo crucificado, gritamos também a Deus: “Meu Deus, por que me abandonastes?” (cf. Sl 21). Como Ele, tenhamos paciência no sofrimento. Tudo ocorre no seu devido tempo (cf. Ecle 3).

Amar Aquele que conhecemos

Afinal, não poderemos amar e sofrer por alguém que não conhecemos. Será que conhecemos Jesus Cristo o suficiente para sofrermos por Ele? Jesus nos conhece, a ponto de se entregar por nós: despojado de sua condição divina, rebaixou-se à condição de escravo, vivendo inclusive a morte, por amor!

Como dizia Santo Agostinho, a medida do amor é amar sem medidas! A vida dos santos nos ajuda a compreender o amor de Deus. Nesse momento, Santo Agostinho talvez estivesse num momento alegre, ou mesmo difícil, mas é certo que ele conseguiu compreender que Jesus amou sem medidas!

Concluímos com nossa baluarte, Santa Teresinha, que nos exorta: “Deus não quer corações divididos – Ele quer tudo ou nada”.

 

Diêgo Oliveira de Maria
Consagrado na Comunidade de Aliança Filhos de Sião

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