Formação

Tempo da Quaresma

Convertei-vos e crede no Evangelho

O período Quaresmal inicia na Quarta-feira de Cinzas, cujo significado é muito importante. Quando o ministro ou o padre coloca as cinzas nas nossas cabeças, o que ele diz? “Convertei-vos e crede no Evangelho” (cf. Mc 1, 15), pois os próximos 40 dias viveremos mais intensamente essa passagem bíblica. Por isso, o tempo da Quaresma tem esse nome devido a quantidade de dias que possui, fazendo referência à travessia penitencial de Jesus no deserto. É tempo de conversão; de nos arrependermos dos nossos pecados; e de nos aproximarmos do Senhor, reconhecendo quem somos e quem Ele é. Nesse tempo litúrgico, somos chamados também a nos prepararmos para celebrar o mistério pascal, o mais importante da vida cristã, que culminará na Semana Santa – meditaremos a paixão e a morte de Jesus por amor a nós.

No Evangelho de São Mateus 4, 1-11, a Palavra nos diz que o Senhor foi conduzido ao deserto pelo Espírito. É nessa situação de retiro que Deus fala ao coração do homem, e de onde brota a resposta da oração – na solidão, no estar a sós com Deus –, e o convite é que vivamos essa Quaresma a exemplo de Jesus, e com a certeza de que não estamos abandonados, mas sim sendo guiados, conduzidos pelo Espírito Santo. Só dessa maneira viveremos esse deserto como é preciso ser vivido, a fim de gerar frutos de conversão verdadeira em nós.

O segredo é se deixar conduzir pelo Espírito Santo

O segredo é fazer tudo com a instrução do Espírito Santo para venceremos as tentações. Se o próprio Filho de Deus foi tentado, imagine nós… O inimigo seduz, ele testa para saber o que há de ruim e de bom em nós, então vigiemos! Conheçamos nossas fraquezas, e busquemos refúgio na graça de Deus.

Para isso, a Comunidade nos instrui durante a Quaresma deste ano a vivermos essa experiência no deserto, conduzidos pelo Espírito Santo. A cada semana, um trecho do Evangelho citado nos conduzirá, no intuito de, ao final deste tempo, estarmos mais unidos a Cristo.

Com quem temos dialogado?

Na primeira semana, a palavra de ordem é não dialogar com o mal. Não queiramos negociar com o inimigo! Vimos que Jesus não dialogou com o demônio – mesmo ele tendo feito de tudo para seduzir o Senhor –, pois Cristo sabe que o inimigo é mau pagador, e rebateu todas as propostas com a própria Palavra de Deus, a mesma arma com a qual o diabo tentou Jesus. Entretanto, Ele não dialogou com o inimigo, diferente de Eva, que o fez e se deu mal.

Já na segunda semana, a Comunidade nos apresenta que a proposta de dialogar com Jesus acaba mal para o diabo. Este sempre foi astuto e mentiroso, e continua a ser, e nós sempre caímos nas mesmas armadilhas dele… Quantos caem na mesma tentação – pois o inimigo não tem criatividade nenhuma, usa das mesmas técnicas, e ainda assim, acabamos caindo –, mas façamos a experiência de sairmos da tentação como Jesus saiu: vencedores!

Na terceira semana, temos que o diálogo com o mal pode ser um grande perigo, pois podemos ser seduzidos. Não nos enganemos, ele é mais forte do que nós: a prova disso é que caímos com certa constância, somente com a graça de Deus perseveramos fortes, porque o Senhor é quem será forte em nós.

A cruz é o outro caminho

Na quarta semana, a Comunidade anuncia a cruz como um outro caminho. Na conversa entre Eva e o diabo, ele a prometeu que ela seria como Deus, mas no final ela acabou nua no Paraíso, com vergonha de Deus. Em contrapartida, a proposta de Jesus é que estejamos despojados na nossa oferta de vida, entregando tudo a Ele – como fez sendo obediente ao Pai na cruz –. Ali naquele madeiro foi o último “deserto” de Jesus, no qual o diabo parecia ter tirado vantagem, mas verdadeiramente ele foi derrotado, pois Cristo nos livrou naquele momento do poder diabólico.

Por fim, na quinta semana, temos que a graça de Jesus nos faz voltar e pedir perdão. Não importa se andamos tropeçando até então, o Senhor nos acolhe. Se Ele já sofreu tudo o que sofreu para nos salvar, não existe mais nada que O impeça de nos receber de volta! Que os jejuns, penitências e orações não nos deixem “escondidos” de Deus, e sim nos una cada vez mais a Cristo.

É um tempo propício para fazer penitência. A penitência é definida pelo Catecismo como uma reorientação radical da vida por inteiro, um regresso, uma conversão a Deus de todo o coração, que comporta uma ruptura com o pecado, uma aversão ao mal, com repugnância pelas más ações cometidas, e que implica, simultaneamente, o desejo e o propósito de mudar de vida, com a esperança da misericórdia divina e a confiança na ajuda da sua graça (cf. CIC 1431). Por isso, rezemos juntos: ajuda-nos, Senhor!

 

Alessandra Safira Capistrano
Discípula Maior I da Comunidade de Aliança Filhos de Sião

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