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Estava em meio a uma tempestade quando gritei pelo Senhor e Ele me ouviu

Como diz o Salmo 33: “Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido”

Há sete anos sofria com o alcoolismo e com a violência doméstica de meu esposo. Morávamos em Itaitinga e nossa filha Ellen já tinha nascido. Em uma madrugada, depois que ele chegou alcoolizado, em prantos, pedi a Deus a graça que Ele me desse a condição de cuidar e educar nossa filha. Na época, trabalhava o dia todo e ela ficava em casa com meu esposo e com a família dele. Depois dessa oração, minha patroa chegou para mim e disse: “– Gleuda, volta para o teu lugar. Tua família pode te sustentar.” Criei coragem, fiz as malas e retornei para a cidade de Marco, onde minha mãe morava. Fui tomada por um sentimento de felicidade muito grande a ponto de não querer mais voltar para Fortaleza. Chegando lá, conseguimos um emprego para meu esposo e ele veio logo em seguida. Porém, foram dois anos de muito sofrimento, contudo agora com o apoio de minha família e da Comunidade Filhos de Sião, pois já estava participando dos grupos de oração.

Dois anos depois, meu esposo resolveu ir embora para Itaitinga/CE, cumprindo a promessa de Deus que me falava através das Escrituras sobre a minha libertação, pois sabia que este casamento não foi da Sua Vontade. Em meu primeiro encontro na Comunidade Filhos de Sião, escutei a voz do Senhor que dizia: Filha, não tenha medo, pois Eu te levarei em meus braços.” Naquele momento, apaixonei-me por Aquele Homem de voz tão linda e tão suave. Nesse sentido, no dia 01 de dezembro de 2002, em oração, o Senhor me falou: Filha, a partir de hoje não compre nada nem para você, nem para sua filha”. Mal sabia eu que quatro anos depois, nessa mesma data, abriria a primeira Casa Comunitária da Comunidade de Vida Filhos de Sião.

Em março do ano seguinte, a Casa da Misericórdia (Casa de Promoção Humana da Comunidade Filhos de Sião) abriu e, então, minha irmã Gláucia, conselheira da Comunidade, falou para mim: “– Gleuda, é hora de lançar as redes!”. Acolhi esta verdade e mergulhei na Vontade de Deus. No dia 19 de maio de 2003, fui morar lá na intenção de servir ao Senhor na pessoa do pobre, enfermo e abandonado. Vivia tudo em discernimento, sendo acompanhada pela Lucinha (Fundadora da Comunidade) e pelo Padre Rômulo (Pároco de Marco na época). O Senhor dizia-me: Neste lugar, eu te darei paz e segurança”. A Comunidade me aceitou junto com minha filha. Ela crescia em meio ao lugar onde Cristo no pobre era amado, e nunca lhe faltou nada. Pelo contrário, tínhamos tudo. Em dezembro de 2006, ingressei juntamente com os primeiros irmãos na Comunidade de Vida. Senti aquele dia como o mais feliz da minha vida. Passei, então, a morar na Casa Comunitária, mas o meu apostolado continuou sendo na Casa da Misericórdia. Uma realização imensa tomava conta de mim!

Dessa forma, vale lembrar também que em 2013 passei pela tribulação da enfermidade da minha mãe. Precisei me ausentar da Comunidade para cuidar dela em Fortaleza, mas a dor de estar distante do meu lugar era maior do que tudo, e todos os dias eu chorava. Ao saber da notícia do câncer de minha mãe, fiquei sem chão. Passamos três anos lutando, e, embora estando fora, meu coração estava dentro da Comunidade de Vida. Sempre perguntava ao Senhor: Meu Deus, eu estou fazendo a sua Vontade?”. Embora eu soubesse que lá fora não era o meu lugar e que tinha que voltar para perto da Comunidade, eu sentia falta da oração comunitária, da convivência, das formações, enfim, da vida que Ele escolheu para mim. Em 2015, portanto, minha mãe veio a falecer e a Comunidade estava sempre presente comigo. Depois de então, fui acolhida de volta ao meu lugar e uma felicidade grandiosa, juntamente com a esperança e a certeza de Céu tomaram conta do meu coração.

Em 2009, consagrei a minha vida ao meu Amado Jesus e dei o meu SIM para sempre viver ao lado dele. Ellen continuava morando comigo, cresceu e decidiu fazer Vocacional na Comunidade. Um dia cheguei para ela e perguntei se ela iria embora ou estudar fora, porque, por algum motivo, senti que não iríamos mais morar juntas. E ela me disse que tinha pedido ingresso para a Comunidade de Vida. A gente se abraçou e choramos juntas. Depois de sua decisão, tive que mudar de missão e, assim, viver uma parte do Evangelho a qual ainda não tinha vivido: “Estive na prisão, e não me visitaste” (cf. Mt 25,43). Era na Casa de Maria (Casa Terapêutica da Comunidade Filhos de Sião). Deus quis muito que eu fosse morar com aqueles adolescentes que não tinham mais esperança de vida e que ninguém mais apostava neles.

Hoje minha mãe está no céu, minha filha é casada com o Gustavo, um dos adolescentes recuperados da Casa de Maria, os dois são missionários da Comunidade de Vida e trabalham juntos na missão de tornar o Amor Amado. E eu continuo aqui, cumprindo as últimas palavras de minha mãe: “O mais importante é cuidar dos outros.”

 

Francisca Gleuda da Rocha Sousa
Consagrada na Comunidade de Vida Filhos de Sião

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