VOCACIONAL FILHOS DE SIÃO

A HISTÓRIA DA VIDA CONSAGRADA

Como se deu a história da vida consagrada na nossa Igreja? A origem da palavra “consagração” significa “unir-se ao Sagrado”, ser “UM com o Sagrado” e o todo consagrado é Jesus Cristo. Ele é o ungido de Deus, o consagrado de Deus. E nós somos chamados a sermos outro Cristo no mundo, a nos transfigurarmos em Jesus Cristo. Então, você que está começando este caminho vocacional é chamado a trilhar este caminho de união com Jesus Cristo, de se tornar um com Ele. Veja que chamado belo! Que escolha belíssima Deus lhe fez! Ele nos ama tanto que quer estar unido a nós intimamente, mas de maneira mais profunda, Ele quer estar unido a mim e a você; porque Ele é o amado, o esposo de nossas almas e deseja ardentemente unir-se a nós, ou seja, estar unido num só coração, num mesmo espírito.

Durante toda a história da Igreja, Deus foi chamando e elegendo o seu povo para viver este caminho mais perto dele. Então, não é algo de agora, mas desde o início da história Deus inquieta corações a viverem a vida consagrada.

1. A VIDA EREMÍTICA OU MONÁSTICA

A primeira forma de vida consagrada foi a vida eremítica ou monástica, que tem considerado como “pai da vida emerítica” Santo Antão. Ele foi um dos primeiros monges do deserto. Era um jovem que vivia no Egito e, inquietado por Deus, sentiu-se chamado a viver uma vida na solidão, longe da cidade e mais voltada para a oração e para a palavra de Deus.

Nesses dias eu tive a graça de ler um pouco sobre a história da vida de Santo Antão, contado por Santo Atanásio de Alexandria. Destaco o seguinte: “A VOCAÇÃO DE ANTÃO. Depois da morte de seus pais, ficou só com sua única irmã muito mais jovem. Tinha então entre 18 a 20 anos. Menos de 6 meses depois da morte de seus pais, ia como de costume à caminho da Igreja. Enquanto caminhava, ia meditando e refletia como os apóstolos abandonaram tudo e seguiram o Salvador. Lá em Mt 4, 20, como segundo se refere em At 4,35-37; os fieis vendiam o que tinham e o punham aos pés dos apóstolos para distribuição entre os necessitados. E quão grande há esperança prometida nos Céus para os que assim fazem! Pensando estas coisas, entrou na Igreja. Aconteceu que neste momento se estava lendo o Evangelho e ouviu a passagem em que o Senhor disse ao jovem rico: «Se queres ser perfeito, vende o que tens e dá aos pobres, depois vem, segue-me e verás um tesouro no céu», como se Deus lhe houvera proposto a lembrança dos santos e como se a leitura fora dirigida especialmente a Ele. Antão saiu imediatamente da Igreja e deu a propriedade que tinha de seus antepassados, uma terra muito fértil e formosa. Não quis que nem ele nem sua irmã tivessem algo que ver com ela. Vendeu tudo mais, os bens móveis que possuía e entregou aos pobres a considerável soma recebida, deixando só um pouco para a sua irmã. De novo, porém, entrando na Igreja, ouviu aquela Palavra do Senhor no Evangelho: «Não se preocupem do amanhã», que está em Mt 6,34. Não pôde suportar maior espera, mas foi e distribuiu aos pobres também este pouco.” Isso é um pouco da história de Santo Antão em que podemos ver o quanto a Palavra de Deus falou forte ao coração dele e ele, inquietado por essa mesma palavra de Deus, que abrasa o seu coração, obedece imediatamente a voz do Senhor e deixa tudo o que tem. Ele era um jovem nobre, vivia bem, tinha posses; mas ele vendeu tudo, mas TUDO mesmo. Tinha uma irmã, como a história conta. Inicialmente ele ainda pensou em guardar um pouco do que tinha para ela, afinal ela iria precisar; mas depois a Palavra de Deus inquieta de novo o coração dele e ele não deixa sequer nada para a sua irmã, levando-a a viver também em um Convento de vida religiosa e mais na frente ele confia a algumas virgens da época a cuidarem de sua irmã, sem usufruir das riquezas que elas tinham.

Irmãos, conto isso para vermos como Deus inquieta aqueles que Ele quer, aqueles que Ele chama, mas também aqueles que – por outro lado – têm abertura de coração e estão atentos à Sua voz. E vocês como vocacionados precisam iniciar o Vocacional com esta disposição e abertura de coração para ouvir o que Deus quer de vocês, porque Deus quer falar. Deus quer abrasar os nossos corações. Então, quando nós escutarmos esta voz interior – esta voz de Deus – nós também vamos ter essa coragem de Santo Antão, de deixarmos tudo para estarmos com o Senhor. E Santo Antão foi viver no deserto, vivendo uma vida solitária, em oração e em constante meditação da Palavra de Deus. Lá ele precisou enfrentar muitos demônios e combates espirituais, mas com a graça de Deus foi vencedor.

Depois de Santo Antão, alguns outros jovens foram atraídos a viverem esta mesma vida. Percebendo isso, como ele não tinha este chamado a viver a vida comunitária, sai para viver em outro lugar mais afastado a vida solitária, a vida eremítica, a vida em Deus.

2. A VIDA CENOBÍTICA

Após a vida eremítica, temos a vida cenobítica, que tem como diferencial a vida em comum. E diferente de Santo Antão que era chamado a viver essa vida mais isolada e solitária, recusa e mais voltada interiormente para a oração e para a meditação da Palavra, a vida cenobítica com São Pacômio é um chamado de Deus para aqueles que já sentem a necessidade para viverem a vida comunitária. Eles já não queriam mais viver a vida totalmente solitária, mas já se uniam como irmãos para viverem estes momentos de oração, de interiorização, de meditação da palavra e também de fraternidade.

3. ORDENS MENDICANTES

Mais na frente nós temos as ordens mendicantes e o exemplo são os franciscanos – fundados por São Francisco, nosso baluarte – mostrando ser aqueles que se unem, que vivem a vida em comum e os momentos de fraternidade e que vivem de esmolas, totalmente abandonados à Providência Divina. E um traço forte das ordens mendicantes é que eles deixam de viver a Providência de maneira pessoal somente, mas a desfrutam de maneira comunitária, pois viviam todos juntos.

4. COMUNIDADES DE VIDA APOSTÓLICA

Depois, nós temos as Comunidades de Vida Apóstolica, que se caracterizam fortemente pela missão, pelo ser missionário. A Comunidade é o lugar do discernimento onde se elabora o projeto apostólico, o modo e os meios de levar a cabo a missão do Instituto. É a missão que os reúne e os mantêm unidos.

Logo, podemos identificar como Deus foi suscitando as formas de vida consagrada e como Deus foi atendendo também as necessidades de um povo, as necessidades de um tempo determinado da Igreja. É por isso que nós temos na Igreja diversas formas de vida consagrada, porque o Espírito Santo é dinâmico e criativo. É próprio do Espírito Santo suscitar diversos carismas. O mundo precisa desta diversidade de dons. Então, a uns Ele chama a vida mais recusa, a outros Ele chama a vida mais contemplativa e monástica, a outros Ele chama a viver a vida comunitária e fraterna, a outros eles chamam a dar literalmente tudo, como o jovem rico. Ou seja, para cada tempo o Espírito Santo suscita uma forma de vida necessária para aquele tempo.

É claro que vale a pena ressaltar o carisma franciscano, por ser nosso baluarte. São Francisco foi também inquietado por Deus, também jovem de família nobre que deixa tudo, abandona tudo, seus pais, se despoja de tudo até das próprias vestes, até do próprio nome paterno para abraçar o reino de Deus, para o seguimento de Deus. E se despoja de maneira total, a ponto de dizer que só tem Deus como seu pai e que Deus é o seu TUDO. Então São Francisco foi uma revolução para o seu tempo e um carisma tão forte que fica em nós como testemunho até os dias de hoje. São Francisco foi suscitado em um tempo em que a Igreja precisava voltar à sua essência de pobreza e de abandono em Deus; e também suscitado em um tempo em que muitos desacreditavam da Igreja Católica, e ele surge como aquele homem apaixonado pela Igreja e que não permite ninguém falar mal da sua Igreja porque é a sua mãe. Isso é fantástico! Naquele tempo em que a Igreja estava se tornando rica e não mais se importando para a vida de pobreza, surge Francisco para viver este amor incondicional a Jesus Cristo e a sua Igreja.

5. INSTITUTOS SECULARES E COMUNIDADES NOVAS

Depois disso, surgem os institutos seculares e as Comunidades Novas, que somos nós. Aqui podemos ver que Deus não se cansa de chamar os jovens, de chamar as famílias, de chamar a nós. Porque o que Deus quer é que nós sejamos felizes e vivamos esta união total com Ele.

Nos tempos atuais, mais particularmente após o Concílio Vaticano II, o Espírito Santo suscita no mundo inteiro as Comunidades Novas, que tem sido uma explosão na Igreja Católica no mundo inteiro.

Nós, Filhos de Sião, estamos inseridos nesta Primavera da Igreja que são as Comunidades Novas. Nós vimos aqui que para cada forma de vida da Igreja primitiva tem um marco, uma característica própria. As Comunidades Novas têm um pouco de cada uma delas, diferenciando-se a partir das Famílias Consagradas. Isso quer dizer que nós temos nas Novas Comunidades: padres consagrados, casais consagrados, jovens unidos vivendo um carisma específico e uma missão específica dentro da Igreja, de uma forma própria, de acordo com o seu carisma. Vivendo a vida comunitária e fraterna, sendo irmãos de uma mesma família. Portanto, as Comunidades Novas nascem a partir de uma experiência própria de um fundador ou fundadora com a pessoa de Jesus Cristo, e a dessa experiência de Jesus Cristo e do Evangelho, vivencia esta experiência e vai atraindo outros seguidores que portam esse mesmo carisma, mesmo que ainda não saibam, a também corresponderem a Deus com uma forma de vida própria.

E, sendo mais específicos ainda, nós, Filhos de Sião, fomos suscitados por Deus para vivermos um carisma próprio dentro da Igreja. Nascemos da Renovação Carismática Católica. Assim sendo, Deus levou nossa fundadora Vander Lúcia (Lucinha) a ter uma experiência singular com Jesus Cristo. Experiência que nenhuma outra pessoa vivenciou como ela. Deus mesmo a fez entrar nessa experiência toda particular do carisma, inserindo-a de tal forma que a chama para fundar uma Comunidade e que confia a ela um carisma próprio. Um chamado tão forte que, mesmo sem entender, ela diz sim aos projetos de Deus. O Senhor a fez sentir esta experiência particular com o Cristo abandonado, no dia 05 de julho de 1998, em um Retiro na Serra da Meruoca. O Espírito de Deus levou a Lucinha a sentir esta experiência de sentir a dor do abandono de Jesus Cristo na cruz, de sentir e experienciar que o Amor não é amado de maneira única e tão forte que ela se derrama em lágrimas e, impulsionada por essa mesma graça do Espírito, diz sim e se oferta a Deus e a Igreja para amar o Amor que não é amado. Então, é dessa experiência que nós nascemos como Filhos de Sião, para servir e amar a Igreja. Para amar o Amor que não é amado, testemunhando por meio da vivência do Louvor e da Adoração que Jesus é o amados das nossas almas.

 

Marciele Silva Silvino

Consagrada na Comunidade de Vida Filhos de Sião

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