O tema vocacional deste ano é retirado do momento da agonia de Jesus, quando pede ao Pai que afaste dEle o cálice da dor – e então, percebendo a Vontade do Pai, concluiu: Não a minha, mas a Tua Vontade.
Dentre os chamados que encontramos na Palavra, podemos recordar a história de Moisés. Quando ele estava junto do povo, diante do mar ele não fez uma longa oração para que as águas se abrissem… Entre esperar a morte, que avançava com os inimigos chegando, e encarar o mar, a decisão daquele que foi chamado era dar o “passo da fé”: quando Moisés começou a caminhar, com a água já à altura dos joelhos, as águas se abriram e todo o povo de Deus passou.
A vida de quem é chamado é assim! É preciso dar o passo da fé, pois de Sua parte o Senhor é sempre fiel. Quando Ele chama entenderemos que necessitamos nos converter ao Seu chamado.
O Senhor chama
Aconteceu também com Jacó, que lutou com Deus a fim de sobrepor sua vontade, mas ao final, perdeu. Reconheceu ele que o Senhor lhe venceu, é vencedor. E assim se rendeu a Ele.
Para entendermos o conteúdo desta formação, é preciso entender seu significado.
A palavra “vocação” quer dizer chamado, convite, convocação… É escolhido pelo próprio Deus para determinado estilo de vida.
Se há quem chama, a quem o responda. Também por isso temos um nome, pois o Senhor nos chama pelo nome (cf. Is 43, 1). Coisa bela é querer responder a Deus! Afinal, todos os que O responderam chegaram à felicidade.
Sendo a vida dom de Deus, embora tenhamos contado com a adesão dos nossos pais, somos criados pelo Criador do Céu e da Terra. Portanto, dentre aqueles diversos espermatozoides do seu pai que percorreram rumo ao óvulo da sua mãe, apenas um foi vencedor: você! Não importa como aconteceu, foi Deus quem escolheu que você nascesse, recebesse o dom da vida! E isso é motivo de muita alegria.
Desde aquele momento você foi chamado. Primeiramente à vida, e no decorrer do tempo se descobrirá a qual estilo de vida você foi também chamado por Deus.
Senhor, envia-me!
Na Palavra encontramos muitos exemplos de chamado: Abraão, Isaías,… Nada impediu Abraão – ainda que tivesse muitas posses -, nem sua família, nem seus bens, ou sua terra… Deixou tudo e partiu. Também por isso ficou conhecido como o pai da fé. Diferentemente de Isaías, ele mesmo se dispôs: Senhor, envia-me!
Toda Bíblia, toda vida o Senhor chamou. E encontrou corações dispostos a corresponderem, reconhecendo quem Ele é. Por isso, não importa a maneira que chegamos, como concluiu São Paulo, importa seguir decididamente (cf. Fp 3, 16), pois sabemos quem nos chamou (cf. Rm 8, 28).
É preciso compreender que Deus é quem chama. E no percurso haverão percalços: passaremos pelas mesmas tentações de Cristo, pois caminhamos para uma vida segundo a Sua, e sofreremos as mesmas tentações – do PRAZER, do TER, e do PODER.
Mas o foco é que a iniciativa é de Deus! Seja por mediação dos acontecimentos ou por outros meios que Sua providência suscitar.
Ele dá total liberdade de resposta: a decisão é tua! Deus nos chamou, nos ama e dará todas as ferramentas necessárias para corresponder… Mas não chama à toa, e sim em vista de uma missão, das necessidades da Igreja. E não esqueçamos: a messe é grande, e os operários são poucos (cf. Mt 9, 37).
Concluímos que vocação é, enfim, o encontro de duas liberdades: de Deus que chama, e do escolhido que é chamado.
1° Ele nos chama vida, a ser imagem e semelhança dEle mesmo: no Amor, pois temos a capacidade de amar. Esta é a grande vocação, aquela que só Ele dá e só Ele tira;
2° Chamados a ser humanos: que deve aprender a se relacionar com o outro; respeitando os direitos e deveres uns dos outros;
3° Vocação de filho de Deus: chamado à vida cristã. Se somos batizados pertencemos à família do povo eleito de Deus, e por isso, chamados a seguir um caminho de santidade;
4° Por fim, chamados a uma vocação específica: de ser leigo, sacerdote ou religioso. A vocação leiga pode ser vivida dentro ou fora de uma comunidade, buscando ser sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5, 13) onde estiver. No caso dos Filhos de Sião, trata-se de uma comunidade formado por leigos consagrados, com um carisma próprio, com um serviço próprio, com um jeito de viver próprio. Tudo isso vivido sob os Conselhos Evangélicos, a fim de nos tornarmos como Cristo.
A resposta parte de uma vida de oração
O chamado do Senhor deve ser respondido livremente com amor e responsabilidade. Lembremos de José, pai de Jesus – o acolhimento de Maria grávida demonstrou a sua fé e sua responsabilidade. Olhando também para Maria, Mãe de Jesus – foi capaz de dar seu Sim na fé, sem entender como se faria, mas se dispondo totalmente à vontade de Deus, a servir todo o mundo dando à luz ao Filho divino.
Deus é onipotente e poderoso: Ele faz maravilhas! E do nosso pequeno sim, faz grandes coisas! Hoje Ele fixa o olhar em você e lhe diz: vem e segue-me. Seja generoso ao respondê-Lo!
Mas como responder? A resposta parte de uma vida de oração. E rezar não é fácil! É questão de decisão, de reconhecimento da própria necessidade. A partir de hoje, abracemos uma rotina disciplinada para a oração! Se assim não for, não iremos longe.
O Filho de Sião tem um jeito próprio de rezar: de forma contemplativa, isto é, meditando cada momento, sem pressa, embevecidamente… Reservando um horário e um lugar, e ali acontece o encontro com o Senhor.
Vander Lúcia Menezes Farias
Fundadora e Moderadora Geral da Comunidade Filhos de Sião
