Formação

Celebramos 27 anos de Carisma – Somos Filhos de Sião

Sejamos todos bem-vindos a esta noite de Cenáculo na qual celebramos os 27 anos do Carisma, da sua fundação, do evento que lhe deu origem. Bendito seja Deus!

Conduzidos por São João 4, 23-25

Comecemos com esta palavra norteadora do nosso Carisma, a passagem que faz parte da nossa vida e que fala diretamente ao coração do Filho de Sião.
Quando Monsenhor Waldir e Dona Verônica nos explicavam o significado do nome ‘Sião’, essa foi uma das passagens que nos foi apresentada.

Nós somos os adoradores que o Pai deseja

Celebramos os 27 anos da experiência fundante do Carisma Filhos de Sião. Todos nós estamos vivendo essa história, e a melhor coisa que Deus fez neste tempo foi suscitar um Carisma de louvor e adoração a Ele.

A melhor coisa que aconteceu em nossas vidas foi o chamado para louvar e adorar o Senhor. Como diz o Estatuto: com todo o coração, ser e alma. Essa é a verdade que nos compõe, que faz parte da nossa essência. Fomos escolhidos por Deus, separados — não para sermos descartados, mas para vivermos em louvor e adoração ao nosso Deus, que nos foi apresentado como o Amor que não é amado.

Vivíamos na cegueira, e nos faltava uma parte essencial, que nos foi comunicada — e essa não nos será tirada. O Amor não é amado. O Amor não é amado. O Amor não é amado!

Primeiro, Ele nos fez experimentar e conhecer esse Amor; depois, entendemos: Ele se revelou como o Amor que não é amado.

O nosso Carisma é uma pérola preciosa, e precisamos reconhecê-lo assim

Bendito retiro na Serra da Meruoca, bendito chitão maravilha de marco — que nos obrigou a conhecer e experimentar que o Amor não era amado. Naquele ano, decidimos fugir do pecado, das ocasiões de pecado, para vivermos de verdade. Foi uma decisão. Por isso, o Filho de Sião é continuamente convidado a viver em vigilância, fugindo das ocasiões de pecado.

Não somos chamados a dar a mão ao pecado, nem a torná-lo nosso amigo, sentar e conversar com ele. Fomos chamados a fugir. Foi assim que o Carisma nasceu: o Senhor nos convidou a fugir das ocasiões de pecado. E quando decidimos fugir, o Senhor fez a Sua parte, revelando-se a nós como o Amor que não é amado.

Benditos dias 3, 4 e 5 de julho de 1998!

Irmãos, no ano de 1997 vivemos o nosso primeiro Seminário de Vida no Espírito Santo. Foram tantos “primeiros” na história da nossa Comunidade! Os anos de 1997, 1998 e 1999 foram dedicados à preparação para o Ano Jubilar de 2000.

Em 1997, a Igreja dedicou o ano à pessoa de Jesus. Fomos mergulhados, enxertados n’Ele, e conhecemos verdadeiramente quem é Jesus.
Em 1998, a Igreja nos convidou a viver o Ano do Espírito Santo. E foi nesse ano que nascemos! Nascemos no Ano do Espírito Santo e fizemos a melhor experiência de nossas vidas.
Em 1999, o ano foi dedicado ao Pai. Fomos levados a conhecer quem é o Pai, fazendo uma profunda experiência com Ele.

Experimentamos o Filho, o Espírito e o Pai. No ano 2000, o Ano Jubilar, a Igreja o dedicou à Santíssima Trindade. Bendito seja Deus, que nos plasmou em meio a essa realidade jubilar. Nascemos na virada do milênio — um tempo de festa, graça, perdão e misericórdia. Nascemos nessa atmosfera jubilar, por isso dizemos: somos um povo festivo. Isso faz parte do nosso ser.

Fugimos das ocasiões de pecado, subimos a uma montanha — lugar de encontro com Deus. Lá nos encontramos com Ele e provamos do Seu amor. Vimos o Senhor rasgar o Seu coração e nos dizer: ‘O Amor não é amado.’ E foi nesse momento que dissemos: ‘Aqui estamos para Te amar! Tu serás amado, porque eu vou Te amar!’

Assim, nos tornamos uma resposta providencial para um mundo que baniu Deus de sua vida. Esse foi o contexto religioso em que nascemos: o homem afastado de Deus, com medo de se relacionar com seu Criador, rejeitando a amizade divina. Mas o Senhor nos chamou e nos escolheu para sermos essa resposta — para a Igreja, para o mundo e para o homem de hoje.

Não dá para viver sem Deus. A sociedade de hoje molda o mundo à sua maneira, mas nós fomos chamados a dizer, com a vida: só dá certo com Deus. A nossa vida tem jeito, se Ele estiver conosco. Ele prometeu: ‘Estarei convosco até o fim dos tempos.’ Por que, então, insistimos em querer viver sem Ele?

Devemos nos perguntar: para que Deus criou este Carisma?
Deus não faz nada sem um propósito. Para que Ele suscitou o Carisma Filhos de Sião, nos confins do mundo, em uma pequena cidade? Não foi por acaso.

Qual é a finalidade do nosso Carisma?
Suscitar um povo apaixonado por Jesus. Respondemos a esse chamado oferecendo nossa vida para vivermos em louvor e adoração. O Senhor precisa de um povo apaixonado por Ele, que viva essa paixão, um povo que não tenha outra fome senão a de amar Jesus. Podemos trabalhar, cuidar da nossa família com zelo, com responsabilidade, mas a nossa verdadeira paixão é Jesus — porque descobrimos que o Amor não era amado. E a nossa resposta foi: “Eu vou Te amar.” Esse Amor esbarrou em nós, e a nossa resposta foi e continua sendo: Te amar, Te amar, Te amar!

O mundo precisa se chocar com uma alma apaixonada por Cristo Rei e Senhor abandonado na cruz. A nossa alma não pode ser qualquer uma — precisa ser uma alma apaixonada. Você precisa ser um homem, uma mulher apaixonada por Jesus crucificado, por esse Cristo abandonado, que é o nosso único e verdadeiro Amor.

O Papa Bento XVI nos ensinou com clareza que Cristo abandonado na cruz é a revelação mais perturbadora do amor do Pai. Isso não se entende humanamente — só se vive. E se estamos aqui, é porque passamos por essa experiência. Cristo Rei, Senhor abandonado na cruz, nos conquistou para Ele. Essa revelação gritou aos nossos ouvidos: “O Amor não é amado!”

Essa foi a necessidade que o Senhor despertou em nossa alma — e Ele nos pediu para supri-la na Igreja: almas apaixonadas!
Essa é a nossa finalidade. Essa é a vontade de Deus para nós: sermos almas apaixonadas por Jesus.

O Carisma é uma resposta — para a Igreja, para o mundo, para o homem que baniu Deus de sua vida, não é obra humana ele vem de Deus. Não foi produzido nem idealizado por ninguém. É algo místico, que brota do Coração de Cristo — no nosso caso: do Cristo Rei e Senhor abandonado na cruz.

O Carisma é uma resposta!

E você, como tem dado sua resposta? À Igreja, ao mundo, ao homem?

Por isso, precisamos viver com fidelidade. A Igreja nos pede apenas uma coisa: fidelidade ao Carisma. Sejamos fiéis aos estatutos. Sirvamos à Igreja, mas não anulemos o Carisma. O Carisma é a nossa missão.

Nosso Carisma existe para mostrar ao mundo que o amor de Deus é real. Nós O experimentamos. Verdadeiramente, O experimentamos. E não temos outro prazer senão o de louvar e adorá-Lo. As coisas do mundo são passageiras, não devem prender o nosso coração nem os nossos compromissos. O que é verdadeiramente real em nós é o Amor que experimentamos — e esse Amor não é amado.

O Carisma é um sinal para o mundo. Não é apenas para mim. Ainda que ele opere uma obra em mim, me realize e me conduza à santidade, o Carisma não é sobre mim — é em vista do outro. Ele precisa chegar àqueles que baniram Deus de suas vidas, aos indiferentes, aos adormecidos, como dizia São Francisco. O Carisma é para os coxos, os aleijados, os leprosos do nosso tempo. Ele passa por mim para alcançar o outro.

O Carisma é identidade

Quem está aqui é porque, de alguma forma, se identificou com esse Carisma. Ele está em nós porque nos encontramos com ele. Esbarramos com algo que revelou quem somos. Dissemos: “Esse é o meu lugar. É isso que eu sou.” Um povo festivo, um povo que vive do louvor e da adoração, um povo com uma alma apaixonada, que só tem um nome nos lábios: Jesus.

O Carisma é identidade, e eu encontrei a minha: Filhos de Sião. A alma que se encontra vai sendo constituída dentro do Carisma.
A missão do fundador é fundar. Da minha parte, é como se eu tivesse emprestado meu útero para Jesus, para que Ele fizesse nascer um povo escolhido para Ele. E porque emprestei, o Carisma nasceu — e se tornou, entre nós, um patrimônio de Deus.

O Carisma é um bem sobrenatural confiado a nós — pobres, pecadores, frágeis, vasos de barro. A missão dos membros é tornar o Carisma conhecido. Eu, sozinha, não conseguiria!
Se o Senhor me fez fundar um Carisma , Ele mesmo se encarregou de tocar os corações das pessoas que se identificaram com ele e se tornaram responsáveis por levá-lo ao mundo. Você revela o Carisma onde estiver. Em qualquer hora, em qualquer lugar. Se formos fiéis, estaremos revelando.

É nossa missão revelar ao mundo que o Amor não é amado. Nosso Carisma precisa gerar identificação. Quem nasceu para ser Filho de Sião, ao nos encontrar, deve reconhecer-se: “É aqui que eu pertenço.”

Cada Carisma é completo. Por isso, devemos entender que o nosso Carisma é o mais belo — não por comparação, mas por vocação.
O Carisma do outro é perfeito para ele; o nosso é perfeito para nós. Não há competição, porque Deus dá a cada um conforme a sua necessidade.

Eu preciso do Carisma

Ele pode até não precisar de mim, mas eu preciso dele. Ele é o caminho que Deus me deu para me santificar. O Carisma nos foi dado a partir do mistério de Cristo. Por isso, precisamos encarnar o Carisma — fazê-lo carne em nós. O que está em nós é maior do que tudo que o mundo pode oferecer. O Carisma é maior do que qualquer proposta passageira.

Todo Carisma é dado em vista de uma missão. E precisamos vivê-la com dedicação, sem medo, à disposição do Carisma: Onde Deus mandar, quando Deus quiser, como Ele precisar. Fomos chamados a continuar a missão. Para isso, Ele nos comunicou uma força: o Carisma.

Essa força nos permite viver e reviver, dia após dia, a experiência fundante. E ela não acontece apenas uma vez. Ela se desenvolve durante toda a vida do fundador, porque Cristo nos chamou para uma experiência contínua.

Nascemos dentro da corrente de graça chamada Renovação Carismática Católica. Somos fruto do derramamento do Espírito Santo no mundo. E temos um modo próprio de viver. Não podemos abrir mão do nosso estilo: louvar, cantar, bater palmas, usar os dons.
Onde estivermos, haverá cura, libertação, profecia.

Somos um povo que dialoga com Deus. Que sente o Espírito agir. Que fala com Jesus. Que se deixa conduzir pelo Espírito Santo com palavras inefáveis. No nosso meio, priorizamos o encontro pessoal com Jesus. Essa é a primazia: o encontro com Ele. Tivemos um encontro com o Cristo Rei, Senhor abandonado na cruz — e não queremos que essa experiência se perca. Queremos que ela aconteça todos os dias.

Nosso compromisso é com a Palavra de Deus. Quem não se alimenta da Palavra, não cria raiz. Essas são as prioridades do Carisma, e são elas que nos formarão como almas apaixonadas por Jesus. Toda a Escritura fala d’Ele. E quanto mais nos aprofundamos no Carisma, mais descobrimos suas riquezas insondáveis.

Vander Lúcia Menezes Farias
Fundadora e Moderadora Geral da Comunidade Filhos de Sião

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