O caminho formativo para vivência deste Advento se dá pelo encontro de Jesus com a Samaritana e especificamente no que diz Jesus para ela: “Dá-me de beber.” João 4, 7.
Na primeira semana viveremos um Encontro que não nos deixa indiferentes.
O ponto de partida da nossa reflexão deve ser a leitura tranquila e meditada do passo evangélico, que conhecemos como “o encontro de Jesus com a Samaritana” (João 4, 3-42); encontro que constitui, a partir deste momento, o ícone ao qual referir-se para ver como o Senhor se relaciona com ela, que relação estabelece, e o que produz, quais consequências tem na vida dessa mulher depois do encontro com Ele.
Buscaremos viver uma ESCUTA que, para nós, tem hoje muito de arte. “Precisamos de nos exercitar na arte de escutar, que é mais do que ouvir. Escutar, na comunicação com o outro, é a capacidade do coração que torna possível a proximidade, sem a qual não existe um verdadeiro encontro espiritual”.
Durante essa primeira semana do Advento dedique-se e prepare-se para escutar; escutar primeiramente a Jesus. Qual o mandato dele para você? Quem você deve escutar?
A escuta significará entre outras coisas:
- Favorecer a abertura ao outro.
- Prestar toda a atenção àquilo que a pessoa pode manifestar, e empenhar-se ativamente na compreensão do que se deseja comunicar.
- Acompanhar com verdadeiro interesse a pessoa no que ela busca e espera de si mesma.
- Deixar de lado o próprio mundo, a própria situação, para aproximar-se o mais possível ao da outra pessoa.
- Dito brevemente, escutar é a arte que exige atenção solícita à pessoa, às suas lutas e às suas fragilidades, às suas alegrias, aos seus sofrimentos e às suas expectativas; não nos limitamos, de fato, a escutar alguma coisa, mas estamos à escuta de alguém.
Na segunda semana viveremos um encontro que impulsiona a pessoa.
Jesus respondeu: «Se conhecesses o dom de Deus e quem é aquele que te diz: “Dá-me de beber”, tu lhe pedirias e ele te daria água viva». A mulher disse: Senhor, não tens sequer um balde, e o poço é fundo; de onde tens essa água viva?
Jesus respondeu: Todo o que beber desta água, terá sede de novo; mas quem beber da água que eu darei, nunca mais terá sede. “A mulher disse então a Jesus: dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede” (João 4, 10-15).
Meus irmãos, estamos diante de um Deus que quer dialogar conosco. Portanto, deixemo-nos que nessa semana o nosso diálogo com Senhor produza em nós grandes feitos e que também sejamos capazes de nos abrir ao diálogo com os outros, principalmente os que sofrem ou que são tratados com indiferenças por nós.
- Procure alguém para dialogar.
Na terceira semana viveremos o Discernimento.
Diz o Papa que o discernimento é “o instrumento principal, que permite salvaguardar o espaço inviolável da consciência, sem pretender substituir-se a ela”,[9] justamente porque “somos chamados a formar as consciências, não a pretender substituí-las”,[10] seguindo o exemplo de Jesus que, no diálogo com a mulher Samaritana, o acompanha na viagem à verdade e à interioridade da sua própria vida.
Mergulharemos no processo de discernimento proposto pelo Papa Francisco na carta que prepara o Sínodo, empenhando-se a reconhecer, interpretar e escolher.
RECONHECER à luz do que é inspirado pelo Espírito, INTERPRETAR, isto é, compreender a que coisa o Espírito de Deus está chamando através daquilo que suscita em cada um e ESCOLHER a Samaritana precisou escolher interiormente entre ignorar Jesus e continuar a sua vida como se nada tivesse acontecido naquele encontro, ou tomar a decisão de deixar-se surpreender por Ele e envolver-se a ponto de ir chamar os seus concidadãos porque o homem chegara à profundidade do seu mundo interior.
Na quarta semana viveremos um encontro que transforma a vida.
“Nisto chegaram os discípulos e ficaram admirados ao ver Jesus conversando com uma mulher. Mas ninguém perguntou: Que procuras? nem: Por que conversas com ela? A mulher deixou a sua bilha e foi à cidade, dizendo as pessoas: Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Não será ele o Cristo? Saíram da cidade ao encontro de Jesus”
A conclusão do encontro vai além do que se esperaria num final normal, isto é, que a mulher retorne à sua vida normal com a bilha cheia de água; contudo, a bilha, que a mulher deixa abandonada e vazia para ir chamar os seus, fala-nos de um ganho e não de uma perda.
Estamos na grande Semana que nos prepara para encontrarmos o menino Deus, salvador de toda humanidade. Que nossa preocupação não seja encher nossa bilha de água, façamos a experiencia de ficarmos livres, de procuramos o sacramento da confissão, formação pessoal, encontrar amigos e familiares para comunicar a todos a salvação que nossos olhos contemplam. Aquele que muda toda a nossa vida e nos faz ganhar o que é eterno.
Mas, vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e em verdade, e são esses adoradores que o pai deseja. (João, 4, 23).
Francisco Adriano Silva
Cofundador da Comunidade Filhos de Sião