Formação

Homilia de Dom José Luiz Gomes de Vasconcelos na Missa de Promessas Definitivas 2025

Toda essa consagração tem em vista uma única realidade: o Reino de Deus

Nós ouvimos e participamos da missa de domingo, cujo tema foi a oração. O tema central da liturgia dominical foi justamente esse: a oração. Destacou-se o Pai-Nosso segundo o Evangelho de Lucas. O Pai-Nosso é mais do que uma oração; é um verdadeiro roteiro de vida. O primeiro pedido que se dirige ao Pai é justamente o tema central de toda a pregação de Jesus — e por que não dizer, da vida de Jesus. Qual é o primeiro pedido que fazemos ao rezar o Pai-Nosso? “Venha a nós o vosso Reino.”

Jesus nos diz: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo mais vos será dado por acréscimo.” E, quando Ele nos ensina a rezar, a primeira coisa que ensina é isso: que venha o Reino de Deus. Embora Jesus tenha vindo para inaugurar o Reino, ele não é uma realidade utópica que está além da nossa imaginação ou desejo. O Reino de Deus já é uma realidade presente, porque foi inaugurado por Jesus. No entanto, é uma realidade que já existe, mas ainda não em sua plenitude. Ele já está no meio de nós, mas alcançará sua totalidade na Parusia, na eternidade, na vida eterna.

Toda essa consagração tem em vista uma única realidade: o Reino de Deus. A Igreja existe há mais de dois mil anos, e ela não tem feito outra coisa senão anunciar o Reino de Deus. No entanto, muitas vezes nos perguntamos: o Reino de Deus existe de fato? Será que ele só acontecerá no céu? Quando olhamos para o mundo ao nosso redor — guerras, ganância, miséria, pecado — é natural perguntar: onde estão os sinais do Reino?

Tenhamos paciência, pois o Reino de Deus não é ostensivo. Ostensivo é o mal, que faz grande propaganda de si mesmo quando age. Um ato simples, como pessoas que se reúnem para louvar a Deus e se consagrar a Ele segundo os conselhos evangélicos, não sai nos jornais — mas isso é sinal do Reino de Deus.

Jesus disse que o Reino de Deus é como uma semente de mostarda, a menor de todas, mas que, ao ser lançada na terra e germinar, torna-se a maior das hortaliças, a ponto de os pássaros fazerem ninhos em seus ramos.
O Reino de Deus é uma semente que cresce vagarosamente, plantada de forma quase invisível. A semente em si carrega o potencial da vida — e da ação de Deus, pois Deus é a própria vida.

Tem força e potência, embora invisível

O Reino vai crescendo pouco a pouco, pois não se impõe, não se exibe. Jesus também disse que o Reino de Deus é como um pouco de fermento que uma mulher mistura na massa. Ele se esconde dentro da massa, e não o vemos, mas é ele que a faz crescer. Tem força e potência, embora invisível — mas está lá, cumprindo uma função insubstituível.

Isso nos dá esperança. Nós, que somos peregrinos da esperança, precisamos manter viva essa chama. O bem já venceu o mal na pessoa de Jesus Cristo. A vida já triunfou sobre a morte. Mesmo quando tudo parecer contrário, precisamos permanecer firmes na esperança no Reino de Deus.

O Evangelho de Lucas termina o Pai-Nosso com o último pedido: “Não nos deixeis cair em tentação.” O povo hebreu caiu na tentação, a mesma que tentou Adão e Eva. E aqui está a raiz de todo pecado: quando o ser humano quer ocupar o lugar de Deus, quando não reconhece que existe um Ser supremo acima dele, a quem deve obediência.

Satanás também tentou Jesus — o próprio Deus! Mas Jesus respondeu: “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.” Jesus venceu as tentações do demônio — as mesmas que nos cercam hoje.

Quando nos consagramos a Deus, quanto mais nos aproximamos Dele, mais as tentações se intensificam, porque o maligno quer nos afastar de Deus. Mas nós pertencemos a Deus.

Hoje, a liturgia nos convida a aumentar nossa esperança no Reino que já está entre nós, mas que terá sua plenitude na eternidade.
Não sejamos como os hebreus, que fizeram bezerros de ouro e se prostraram diante da idolatria e do dinheiro.
O nosso Deus caminha à nossa frente — não é um bezerro de ouro, mas o Deus vivo.

Irmãos, que o Senhor não nos deixe cair na tentação da avareza, que é idolatria.

 

Da Redação,
Comunidade Católica Filhos de Sião

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