“Desde que eu o encontrei, um grande tesouro encontrei… Seu amor me conquistou, sou feliz!”
Todos sabemos o que é um conselho: costumamos procurar alguém mais velho, mais vivido, para nos orientar em algo. Embora muitas vezes não queiramos ouvir os “conselhos” dos nossos pais, por exemplo, precisamos reconhecer que eles têm toda a capacidade e experiência para nos ajudar.
E “evangélico” tem relação com a Palavra — isto é, com o Evangelho, com a vida de Cristo.
Trata-se do amor total de Deus, que Ele mesmo nos oferta. Um amor que se traduz em uma vida pautada na pobreza, na castidade e na obediência. Mesmo numa vida simples, nem mesmo Jesus foi privado de tudo. Apesar de pobre, nada lhe faltou: teve uma família, um lar, irmãos.
Todos aqueles que são chamados a viver uma vida consagrada o fazem baseados nos Conselhos Evangélicos, pois o consagrado se configura a Cristo.
A consagração de vida é a oferta da própria existência, um sacrifício ao Pai por amor. É um caminho difícil, doloroso, mas também uma oblação de amor. Na minha vida pessoal, mesmo com as dificuldades, é um sacrifício saboroso, pois minha vida é do Senhor! É a melhor escolha que fiz… E é isso que me faz feliz!
Essa realidade evangélica existe para ordenar nossas paixões, desordenadas pelo pecado original, em conformidade com a vontade de Deus.
Assim, a vida de Cristo neste mundo, vivida nesses moldes, foi a forma de mostrar ao Pai o quanto O amava. Da mesma forma, minha resposta ao chamado de Cristo é minha forma de demonstrar que O amo.
Isso também passa pela compreensão de que só Deus pode nos satisfazer — e só quem teve uma experiência real com o Seu amor pode atestar essa verdade. A exemplo de São Francisco, nosso baluarte, seu prêmio por ter se configurado à estatura de Cristo foram os estigmas.
É verdade que o Senhor não nos engana: o caminho é estreito, a porta é apertada, e são poucos os que conseguem passar por ela.
Faz-se necessário alinhar o querer, a vontade e a liberdade a esse caminho.
A Pobreza Evangélica
Por excelência, Jesus foi o Pobre, o Casto e o Obediente.
Nos três relatos vocacionais apresentados na Palavra, Jesus se mostra pobre ao exortar o jovem que deseja segui-Lo, dizendo:
“As raposas têm tocas, os pássaros do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8,20).
Viver a pobreza evangélica é não se preocupar em acumular. O mais rico dos ricos é Jesus: Ele é Deus! E, no entanto, dividiu todos os Seus bens comigo e com você. Ele muito amou, tudo deu, tudo perdoou.
Diante da pergunta ousada do jovem rico, Jesus o orientou a dar tudo o que tinha, porque àquele rapaz faltava um coração de pobre. Se ele tivesse aceitado a proposta, teria recebido cem vezes mais. Quem nos dá todas as coisas é Jesus!
Assim, a pobreza evangélica é o desapego dos bens e o abandono confiante na providência divina.
“Quanto menos possuímos, mais pertencemos ao Senhor.”
(São Francisco de Assis)
A Castidade
Quanto à castidade, o consagrado pode optar por vivê-la no celibato ou no matrimônio.
Trata-se da pureza do corpo, dos olhos e do coração, pois está enraizada no amor de Deus. Ama-se com respeito, porque se reconhece que o outro é sagrado.
A Obediência
A obediência é a virtude que conduz à liberdade interior, à escolha da vontade de Deus, porque Ele é o bem supremo.
Mais do que submissão, é ser livre no amor.
A vida consagrada gira em torno das Bem-aventuranças.
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Os pobres no Evangelho são os desapegados;
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Os mansos são os que não se revoltam e que são capazes de perdoar;
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A justiça divina é Jesus: quem tem fome de justiça, tem fome de Cristo, de uma vida com Ele e como a Dele;
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Os misericordiosos amam com o coração de Deus;
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Os puros são os casto, assim por diante!
Compreendamos que toda intervenção de Deus em nossas vidas é para nos conduzir à salvação.
Se um dia nos deixamos conduzir pela carne, o que Deus fez em nossas histórias foi intervir para nos levar à vida no Espírito, ao caminho da salvação.
O carisma nos é dado para nos proteger do mundo. A vida mundana é sedutora, enganadora, mentirosa… Mas somos estrangeiros aqui!
Cristo foi à Cruz porque estávamos condenados. Ele deu a vida em nosso lugar, fitou o olhar em nós e, por amor, nos escolheu para sermos salvos.
O Céu é o nosso lugar!
Saiba: o Criador do universo acreditou em mim e em você. Ele crê na sua credibilidade! E essa “carta de crédito” precisa render até o último dia de nossas vidas!
“Ele me compreendeu sem nenhuma explicação…” Como não entregar a vida a Ele? Como não amar Aquele que me compreendeu quando eu não era gente, quando só havia revolta na minha mente e no meu coração? Sem nem sequer exigir desculpas ou explicações… É muito amor!
Por fim, os Conselhos Evangélicos nos auxiliam nos relacionamentos conosco mesmos, com Deus e com os irmãos.
Trata-se de uma vivência radical de alguém que aprendeu a se relacionar.
Vander Lúcia Menezes Farias
Fundadora e Moderadora Geral da Comunidade Filhos de Sião