Conduzidos por Romanos 13, 11-14
Irmãos, neste momento, São Paulo conclui sua exortação sobre a conduta do cristão, revestindo-a de toda a urgência de quem vive os últimos dias da história. Não se trata do tempo como medida de dias e anos, mas do “agora” da salvação — que é oportunidade e urgência. Vistamos as armas da luz com urgência, pois estamos vivendo os último dias da história. Não se trata do tempo cronos, mas o do agora, o da salvação.
Como disse Santo Agostinho: “Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova…” Pouco tempo nos resta para que o outro encontre Cristo. O agora da salvação é uma urgência. Abracemos a salvação que nos foi comunicada — é urgente!
Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo
A conduta cristã é um dinamismo que impulsiona para a vitória futura e definitiva, que virá com a Parusia, o Dia do Senhor. Diz Paulo: “A noite vai adiantada, e o dia vem chegando.” Portanto, é hora de despertarmos do sono, de abandonar as corrupções noturnas, de nos vestirmos para o dia e para a luz, e de nos prepararmos para a batalha. E qual será a armadura do cristão? Aquela que já venceu a morte: “Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo.”
Veremos o Senhor face a face, como Ele é. Se viveres a fé, guardares os Seus estatutos e vigiares tua conduta, estarás no caminho da vitória eterna. Fiquemos de pé para receber o Cordeiro! Estamos vivendo uma batalha e precisamos estar revestidos de Jesus Cristo — Ele é a nossa armadura.
Chamados a viver uma fé carismática
O sono de que São Paulo fala é o da alma — expresso na indiferença, no comodismo ou na prisão do pecado. Muitas vezes, até rezamos, mas vivemos uma fé superficial. Fomos chamados a viver uma fé carismática. Nosso coração não pode estar distante do Senhor; nós o vemos, o tocamos…
Quem vive dormindo, no comodismo, indiferente ao Evangelho e ao carisma que lhe foi confiado, esse já morreu.
Não temos o direito de deixar nossa alma no comodismo. Não nos esqueçamos de Jesus, que vem ao nosso encontro — o dia está chegando. Preparemo-nos! Desperta do sono, tira tua alma da letargia! Não sejas miserável com tua conversão.
A oração é eficaz: muda vidas e desperta o desejo da vida eterna. Nosso coração não pode estar distante do Senhor, pois nós vimos o Senhor, tocamos n’Ele e ouvimos a Sua voz.
O Amor não é amado!
Foi ao perceber o sono das almas que São Francisco exclamou: “Ah, se eu tivesse as asas invencíveis de uma águia para atravessar as cordilheiras e gritar sobre as cidades, como gostaria de acordar os corações adormecidos e inflamar os indiferentes: o Amor não é amado!”
Não durma, irmão! Não deixe sua alma adormecer. Veja quem está ao seu redor, esperando o grito de que o Amor não é amado. Se você vive uma fé preguiçosa, arrastada, empurrada — está dormindo. Os que dormem não verão a glória de Deus.
Desperta! Levanta-te! Não vivas uma fé empurrada ou em marcha ré. Coloca força na tua alma — avante, Sião! Não olhes para trás. Caminhemos para a frente, e sem medo!
Escolher o amor como estilo de vida
Despertar significa converter-se, deixar que Cristo seja o centro, viver a metanoia. Santa Teresinha dizia: “Só temos este momento para amar a Jesus.” É preciso acordar hoje — não há um “amanhã possível”, nem uma pausa aceitável. Despertar é escolher o amor como estilo de vida. Como também dizia Santa Teresinha: “Não quero ser santa pela metade.” É nos pequenos gestos que devemos viver despertos e atentos à presença de Deus.
Foi essa a opção que escolhemos: o amor como estilo de vida — amar a Deus e aos irmãos. Nós não vamos nos cansar. Quem vive acordado não é santo pela metade. O filho de Sião vive procurando o que amar e a quem amar.
Meus queridos filhos, sigamos os conselhos de São Francisco: “Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente estará fazendo o impossível.”
Não podemos continuar dormindo! Cuidado com o estado de letargia — essa condição de apatia, desinteresse e desânimo na vida consagrada e na intimidade com Deus. Ela se manifesta pela falta de paixão pela oração, pela pouca vontade de meditar a Palavra e pelo envolvimento excessivo com distrações.
O mundo tende a nos conduzir a esse estado, e o desinteresse pelas coisas sagradas é uma arma do inimigo.
A apatia espiritual se revela na frieza diante da oração e da Palavra de Deus. Quem não lê a Palavra de Deus, não se converte.
Irmãos, para superar esse estado, é necessário reconhecê-lo e retomar as práticas espirituais diárias: oração pessoal, estudo bíblico e inserção na vida comunitária. Busque ajuda. Busque seu formador pessoal.
Conduzidos por Marcos 14, 37-41
O sono dos três apóstolos parece soar como uma nota dissonante. Jesus havia pedido: “Vigiai e orai.” Perceba que esse sono dos discípulos acontece fora de lugar e de hora. Não é semelhante a tantos sonos que também nos alcançam justamente nos momentos mais importantes? Durante a missa, na hora da oração, nas reuniões da célula, em retiros, ou até quando somos chamados a fazer o bem.
O Papa Francisco disse que “a sonolência não permite que o Espírito Santo se expresse.” E explicou: manter o coração desperto não depende somente de nós — é uma graça, e devemos pedi-la.
Irmãos, precisamos da luz de Deus, que nos faz ver as coisas de forma diferente: essa luz nos atrai, nos desperta, reacende o desejo e a força de rezar, de olhar para dentro de nós mesmos e de dedicar tempo aos outros.
O tempo é agora. O Senhor nos chama a despertar e a deixar as trevas, para viver na luz. O convite do Senhor continua ecoando: “Levantai-vos e vamos, pois a noite já vai adiantada, e o dia vem chegando.”
Vander Lúcia Menezes Farias
Fundadora e Moderadora Geral da Comunidade Filhos de Sião