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Retiro Comunidade de Aliança: Perigos que pedem vigilância

Com o tempo de caminhada, passamos a não perceber certos perigos. No entanto, precisamos ter muito cuidado para não perdermos a graça inicial do chamado de Deus. Inicio parafraseando nossa Fundadora, Vander Lúcia: “Estamos vivendo os tempos de Noé, e a arca está sendo construída diante dos nossos olhos — e ninguém se dá conta da necessidade de entrar nela.”

O Senhor está falando conosco — precisamos ouvir. Deus fala por todos os meios. Ele quer se comunicar conosco, e cabe a nós buscarmos escutá-Lo. O Senhor não deixou de nos amar; somos nós que estamos distraídos.

São Francisco dizia: “Quem és Tu, Senhor, e quem sou eu?” Precisamos vigiar sobre nossa conduta, nossa vida e sobre como estamos vivendo o chamado de Deus. Quem somos nós? Quem é Deus? Ele é o Altíssimo, e nós, fracos e limitados. Precisamos ter essa consciência para buscarmos, incansavelmente, a graça de Deus. Cuidado para que não estejamos vivendo de achismos.

Deus conhece nossa essência e nossas necessidades, mas é necessário que amadureçamos.

Conduzidos por Eclesiástico 2, 1-18

Se for para cair, que seja nas mãos do Senhor; se for para tropeçar, que seja no colo do Senhor; e, se for para descansar, que seja nos braços do Senhor. Estamos aqui, e precisamos seguir em frente.

Por isso, é fundamental compreendermos com quem estamos lidando, pois temos muitas lutas a travar e nossa alma corre sério perigo. Ela possui três grandes inimigos: o mundo, a carne e satanás. Por isso, é necessária uma vigilância constante.

Perigo que pede vigilância: O mundo

O que escolher: a Deus e as coisas do alto ou o mundo?
Na verdade, o mundo não é o mais difícil de ser vencido — ele se vence com uma decisão firme e determinada. Isso se baseia na realidade da nossa própria caminhada, quando começamos a entender que Deus é melhor do que tudo o que o mundo oferece.

Com o tempo, vencer o mundo se torna mais fácil do que no início da jornada. Mas é preciso vencer todos os inimigos da alma, senão perdemos a guerra espiritual. O objetivo é vencer os três: o mundo, a carne e o demônio. Contudo, ao vencer um deles, os demais perdem força.

O desapego é essencial para vencer o mundo. Tudo aquilo que colocamos no lugar de Deus em nossas vidas é passageiro — e saber disso nos ajuda a viver o desapego. Por isso, é necessário exercitá-lo diariamente.

São João da Cruz nos ensina que precisamos de duas atitudes fundamentais: desapegar-nos das pessoas e das coisas.
Ao nos desapegarmos das pessoas, conseguimos amar a todos igualmente, sem possessividade. Nada deve ocupar mais espaço no nosso coração do que a vontade de Deus.

Todos os dias, precisamos desapegar de algo. Ame a todos e esteja próximo de todos, mas com liberdade interior.
Desapegue também dos bens materiais, pois tudo isso passa. E o desapego é, de fato, um exercício diário.

Perigo que pede vigilância: O demônio

O segundo inimigo da alma, assim como o mundo, também está fora de nós — é exterior. Ele sempre se apresenta como algo bom, lícito, afinal, é mentiroso por natureza. O demônio age por meio da mentira e da tentação.

É importante lembrar: ser tentado não é o mesmo que pecar. A tentação, por si só, não é pecado nem representa perigo, especialmente para quem está próximo de Deus. Na verdade, quanto mais nos aproximamos do Senhor, mais seremos tentados. Mas Deus jamais permite que sejamos tentados além das nossas forças. O inimigo pode até tentar, mas não tem poder de nos derrubar, a menos que permitamos.

Na altura da caminhada em que nos encontramos, não podemos subestimar o demônio. Ele existe, é real e atua “nos ares”. Porém, aqueles que têm o Espírito Santo possuem o dom do discernimento e sabem distinguir o que vem de Deus e o que vem do inimigo.

Vencemos o demônio com humildade, reconhecendo nossa total dependência de Deus. Não corramos o risco de nos afastar d’Ele, longe de Deus, somos vulneráveis. Outra arma poderosa é a oração e somente quem é humilde é capaz de rezar de verdade.

Os humildes são desapegados. Uma alma soberba, por mais que tente, não consegue obedecer. Foi por isso que o demônio não conseguiu obedecer: ele é soberbo.

Perigo que pede vigilância: A carne

Não é a nossa carne, mas está na nossa carne. A luta contra a carne — que é o último inimigo a ser vencido — não é contra nós mesmos, mas contra o pecado que habita em nós.

O que se pode esperar de uma pessoa que caminha na vontade de Deus, mas não reza?

A luta contra a carne é interior: é um combate contra a própria vontade, contra os sentimentos desordenados. É uma luta contra a sensualidade, que se manifesta por meio dos sentidos. Todos os nossos sentidos são portas de entrada para esse inimigo.

Conduzidos por Romanos 7, 14-18

Essa é uma luta mais dolorosa do que a luta contra o mundo e o demônio. Sejamos provados, para que nos tornemos como Cristo deseja que sejamos.

 

Julineide Mendes
Consagrada na Comunidade de Aliança com Promessas Definitivas

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