Formação

Retiro de Semana Santa: A Ceia do Senhor – Quinta-feira Santa

Neste retiro somos convidados a mergulhar no mistério de amor que a Igreja nos revela no período do Tríduo Pascal. Embora nossa mente não seja capaz de captar toda a profundidade deste tempo, precisamos conhecer cada vez mais as riquezas que vamos experienciar nestes três dias.

Por que Tríduo Pascal? Por que tudo isso?
Porque as nossas almas sempre estarão em perigo, e Deus sabe das nossas fragilidades, e capacidade de escorregar “ladeira abaixo para o inferno”. Toda a Semana Santa é uma estratégia, de Deus e da Igreja, para que sejamos salvos. Basicamente é isso! Tudo isso, que não foi pouca coisa, foi para a salvação da minha e da sua alma.

Certa vez, ouvi que todos os momentos grandes das nossas vidas deveriam ser vividos “em clima” de Quinta-feira Santa, como na Última Ceia. Isso porque, naquela celebração, Jesus e Seus discípulos viveram em clima de despedida.
E afinal, como vivemos grandes momentos? Com pressa, ou desatentos, ou dispersos? Não! Vivemos de forma contemplativa, atentando-se aos detalhes… Pois alguma vez será a “última vez”.
Neste dia somos chamados a essa atenção aos detalhes, na cena onde Jesus estava junto com os Seus para celebrar a páscoa judaica numa ceia. E o principal, mais do que entender tudo o que viveremos logo mais na Santa Celebração, é trazer essa realidade para os nossos corações, a fim de entrarmos no Sagrado Coração de Jesus.
A seguir, serão listados alguns dos ricos pontos, os centrais, que acontecerão nesta quinta-feira: A instituição do Sacerdócio, A instituição da Eucaristia e Lava pés.

Conduzidos por João 13, 1-15

O evangelista é preciso quando diz a maneira que o Senhor nos amou: “até o extremo os amou”. Podemos imaginar como estava o coração de Jesus para amar assim – deveria estar dilatado, sedento de derramar todo o Seu amor.

Sendo esse período propício para a salvação das almas, saibamos que o inimigo tudo fará para nos distanciar do Coração de Jesus e dos mistérios desse Tríduo Pascal. O demônio sabe que os lugares no Céu, que antes pertenciam aos seus anjos decaídos, serão ocupados por nós! Ele sabe que o sábado chegará, e nós cantaremos “Ressuscitou, aleluia!”. Então, cuidemos, estejamos atentos!

Iniciemos nossa reflexão a partir da instituição do sacerdócio. Após a Última Ceia, aqueles homens saíram da presença de Jesus com uma missão: serem sacerdotes, isto é, pregar o Evangelho a toda criatura e por todo o mundo. O que foi iniciado na Santa Ceia se perpetua até hoje, com todos os padres ordenados à serviço da salvação da humanidade.
O que seria da vida de um cristão sem a presença de um sacerdote? Por eles recebemos o Batismo, a Eucaristia, a Reconciliação… É Deus que “desce do Céu” para obedecer aqueles que Ele mesmo formou e ordenou. Quanta graça!
Os sacerdotes são, portanto, um dom – como disse São Curadars.

Em segundo lugar, tem-se a instituição da Eucaristia. Este mistério não seria possível sem o anterior. Se temos a Eucaristia é graças aos sacerdotes. Essa palavra significa “ação de graças”, ali Jesus antecipa de modo sacramental a sua entrega na cruz. Ora, o mesmo corpo e sangue instituídos na Santa Ceia são os mesmos entregues na Cruz.
Dessa forma, o Sacramento da Eucaristia se dá no Sacrifício da Cruz. Na Santa Missa não significa que Jesus morre novamente, na verdade, vivemos a memória de Sua entrega de Amor.

Enquanto no Antigo Testamento animais eram sacrificados para a expiação de pecados, ou seja, a fim de obter perdão das faltas cometidas; no Novo Testamento o Cordeiro, que é Jesus, sem culpa e sem mancha foi sacrificado pelos pecadores, e os perdoou de uma vez por todas.
Logo, a Eucaristia é a oportunidade que temos para aprender e obedecer o maior mandamento: “Amai-vos como eu vos amei, disse o Senhor”. A maneira mais concreta de amar o próprio Cristo é pela Eucaristia, nela encontramos os meios para amar o próximo.
Inclusive, é válido refletir como estamos recebendo o Senhor na Santa Comunhão. Além de recebê-lo bem, precisamos também render ação de graças por tamanho benefício.

Na Sua misericórdia, o Senhor ‘mistura’ o Seu sangue precioso ao nosso

Façamos como o discípulo amado, que diferente dos outros que fugiram, ele reclinou a cabeça no peito de Jesus, e isso o sustentou para seguir até o fim!

Por fim, acontece ainda hoje o momento do Lava pés. Aqui Jesus fica despido, cingindo-se com uma toalha – tal como os servos mais humildes que lavavam os pés de seus donos – e deu uma lição de humildade: lavou os pés de todos os discípulos, inclusive dos que Lhe trairiam, negariam, fugiriam… Ele sabia de tudo, e ainda assim não hesitou.
O que mais ouvimos diante dessa cena é a realidade do serviço, da disposição de fazer pelo outro. E o que é servir? O serviço é uma contribuição para a salvação do outro. Por essa razão, devemos fazê-lo como o fez Jesus, que tudo fez em vista da salvação do mundo.

Ainda nesta noite, na celebração da Quinta-feira Santa, Jesus parte para o Monte das Oliveiras. Naquela circunstância de angústia, Ele parte para o recolhimento, para a oração. No jardim das oliveiras, vivendo interiormente toda agonia, Jesus humano e divino sofria também exteriormente – a ponto de suar sangue.
Como se não bastasse toda dor, sofrida pelo peso dos pecados da humanidade, aqueles que Jesus convidou para não deixá-lo sozinho – Pedro, Tiago e João -, acabaram dormindo. Vendo a solidão do Filho, o Pai envia um anjo para consolá-lo. Nós devemos ser esse anjo nesta noite.
A dor física era cruel, mas o que mais machucava o Coração de Jesus foi se deparar com o imenso amor do Pai e a indiferença dos filhos pecadores.

Apesar da alegria desta celebração, que faz memória as instituições do sacerdócio e da Eucaristia, ao final, o altar será desnudado, recordando o Cristo que tudo entregou… E espera pelos seus discípulos, para fazer companhia nessa hora de profunda dor de amor.
Que a mensagem de esperança, do Libertador que vem, ecoe em nossos corações.

 

Maria Izabella Silva de Sá
Consagrada na Comunidade de Aliança com Promessas Definitivas

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