Formação

Retiro Espiritual: “A minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus, meu Salvador.”

“A minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus, meu Salvador.” (Lc 1,46b-47)

Iniciamos o mês dedicado à nossa Mãe Maria Santíssima — um tempo propício para nos aprofundarmos em seu mistério e estreitarmos os laços de amizade com aquela que acreditou nas promessas do Senhor e, por isso, foi considerada bendita entre todas as gerações.

Maria é bendita, e bendito é o fruto de sua entrega e do seu abandono total nas mãos de Deus. Dessa forma, Maria é para nós, Filhos de Sião, um modelo: um espelho de determinação e fidelidade no cumprimento da vontade de Deus (cf. EFS, art. 64).

Nossa Senhora foi chamada, no Concílio Vaticano II, de a excelsa Filha de Sião (cf. LG, 55), pois é “a primeira entre os humildes e pobres do Senhor, que confiadamente esperam e recebem a salvação de Deus.” Ou seja, em Maria se cumpre a promessa de libertação feita ao povo de Israel — ela é a primeira entre o povo eleito a ser convidada à alegria messiânica da nação escolhida.

Sendo assim, mais do que uma atitude superficial, somos chamados a contemplar a Mulher que Maria é na história da salvação. Ela é, para todo cristão, um espelho; é o tipo da Igreja, a “toda santa” (Panaghia)1. Nela somos convidados a dizer “sim” a Deus com humildade, alegria e obediência.

Para ela olhamos, e, à sua semelhança, somos convidados a responder ao apelo de Deus por meio do carisma Filhos de Sião. Neste mês, portanto, mergulharemos nesse modelo que Maria representa para nós — especialmente para os Filhos de Sião. Essas meditações não se trata de um estudo teológico, mas de um olhar atento para aquela que inspira o nosso “sim” de cada dia.

14 dias de meditação com a Excelsa Filha de Sião

1º Dia – A Saudação do Anjo a Maria: “Chaire”
A palavra “Chaire”, em grego, é um convite à alegria. O mensageiro de Deus afirma: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo” (Lc 1,28b).

O motivo da alegria de Maria, a nova Filha de Sião2, está no fato de que o Senhor está com ela. O Senhor, o Todo-Poderoso, olhou para a sua vida com favor e encontrou em seu seio virginal um lugar digno para plasmar o Seu Filho único.

Nela se cumpre a promessa feita ao povo de Israel: “O rei de Israel, que é o Senhor, está no meio de ti” (Sf 3,15). E isso é motivo de grande alegria! Maria personifica o povo escolhido — o povo que se alegra na presença do seu Deus.

No cântico do Magnificat, Maria reconhece que sua alma exulta não por méritos próprios, mas porque o Senhor olhou para sua humildade e vem em favor do seu povo cativo.

Sob o olhar de nossa Mãe, Maria Santíssima, louvemos ao Senhor, pois Ele está conosco! Ele vem ao nosso encontro, se antecipa em nos escolher, e nos convida à verdadeira alegria — aquela que não passa, mesmo diante das tribulações e provações — pois “a alegria do Senhor é a nossa força” (Ne 8,10).

Deste modo também somos parte desse povo eleito, então peçamos ao Espírito Santo que encha os nossos corações com a alegria do povo escolhido. E, com Maria, alegremo-nos: o Senhor entrou na nossa história!

Louve ao Senhor pelas pessoas que foram mediação para que você reconhecesse a voz de Deus! Louve pela comunidade, esse lugar de encontro e condução para o coração do Pai.

Meditemos: Sofonias 3,14-17; Joel 2,23-24.

 

2º Dia – A Vida de Maria: Um Louvor Vivo a Deus
A vida de Maria era um sinal constante de louvor a Deus. Mais do que palavras, todo o seu agir era expressão de gratidão.

Dessa forma, também somos convidados a fazer de nossa vida uma ação de graças. Portanto irmãos, deixemos que a nossa vida seja gratidão. Que cada gesto, escolha e atitude revele a gratidão que habita em nossos corações.

Há uma canção que diz: “Agradável som será, se o meu viver também te agradar!” Neste dia, a melhor forma de agradar ao nosso Deus é viver de maneira coerente com aquilo que acreditamos e professamos.

Sabemos que a conversão diária faz parte do tripé que sustenta a nossa vocação. Por isso, supliquemos ao Pai a graça de uma conversão constante. Peçamos que Ele revele, com misericórdia, o que em nós precisa ser transformado, e, sobretudo, peçamos a graça de nos convertermos à Sua vontade.

Que, à semelhança de Maria, nossa vida cante louvores ao Senhor — não apenas com os lábios, mas com um coração inteiramente voltado a Ele.

Meditemos: Colossenses 3,1-11.

 

3º Dia – O Egito que Insiste em Permanecer
Sabemos que o povo escolhido foi um povo de cerviz dura, que frequentemente se apartava de seu Deus. Um povo que caminhou pelo deserto em direção à Terra Prometida, com a paciência e benevolência de Deus. Em resumo, um povo cativo, que insistia em continuar cativo.

Hoje, compreendemos que este povo que caminha no deserto somos nós. Estamos nessa viagem de regresso ao pai. Contudo, segundo o Papa Francisco3, não foi difícil sair do Egito, apesar da grande obra apoteótica realizada por Deus; o difícil, na verdade, é tirar o Egito que ainda existe dentro de nós. Do nosso coração.

O povo sentia saudades das cebolas do Egito, estava constantemente olhando para trás, presos a vida do passado.

Assim, rezemos hoje, identificando o Egito que se instalou em nosso interior e que insiste em permanecer. Façamos o propósito de sair da escravidão e de viver a liberdade que Deus nos oferece. Não tenhamos medo!

Não cessemos o louvor, pois o Senhor nos chamou para a liberdade! Louvemos neste dia, porque o Senhor nos liberta. Façamos o propósito de viver segundo o Espírito que nos concede a verdadeira liberdade.

Meditemos: Gálatas 5,1-13; 16-24.

 

4º Dia – O Povo da Adoração e do Louvor
Que alegria! Somos o povo do louvor, o povo da adoração. Isso é para nós motivo de júbilo: “O Senhor está contigo!” (Lc1,28b)

Assim, nossa adoração é, portanto, “uma festa de amor e sacrifício” (cf. EFS, 9). Na adoração, imolamos e sacrificamos o próprio eu, buscando viver em conformidade com a vontade de Deus.

Maria, nossa Mãe, é chamada no ofício da Imaculada Conceição de Arca da Aliança. Sabemos que, na peregrinação do povo no deserto, a Arca era o depósito das Tábuas da Lei, do maná e do bastão de Aarão, (cf. Hb 9, 4-5). Dessa mesma forma, Maria é deposito da palavra encarnada, do sumo sacerdote e do pão da vida. Quando o povo atravessava o rio Jordão para entrar na Terra Prometida, a Arca ia à frente, representando a presença de Deus. Da mesma forma, nossa Mãe vai à nossa frente, nos apresentando o Salvador.

Neste dia, peçamos a Maria que nos ensine a adorar e amar o Amor que não é amado. Que ela seja aquela que nos apresenta Jesus, e que nos ajude a inclinar nossos corações para festejar e adorar o Senhor, nosso Deus.

Reflitamos: Como tenho vivido essa parte do carisma? Minha vida é uma expressão de adoração? Meu agir reflete minha entrega ao Senhor?

Rezemos:
“Maria, Virgem de Sião e Mãe da Divina Providência, mostra-nos o Amor para que possamos amá-lo, e, inflamados deste amor, sejamos fonte de água viva no meio deste mundo sedento.” (cf. FDS)

Meditemos: Jo 4, 21-24.

 

5º Dia – A Graça de Deus em Maria
Após o “Alegra-te” do anjo a Maria, ele destaca o fato de ela ser “a cheia de graça”, ou seja, a kekaritomene no grego. Maria foi cumulada de graça, e, para São João Paulo II, este é “o nome de Maria diante de Deus”. Ela foi preenchida de graça, tanto pela missão que abraçaria, quanto por ser a filha amada de Deus.

É plausível afirmar que “a graça é o lugar onde a criatura pode encontrar seu Criador”, (CANTALAMESSA, 1992) ou seja, “o ponto de encontro onde Deus se relaciona com o ser humano”. (CANTALAMESSA, 1992) A graça de Deus em Maria a tornou Mãe — é fecunda! Compreendemos, assim, que Deus não nos deixa sem Sua graça. Ele nos enche de graça para que possamos transbordar e, em Sua plenitude, também ser canais dessa graça para os outros.

Meditemos: 1 Coríntios 15,9-10.

Você é um escolhido, e a graça de Deus está sobre você!

 

6º Dia – A Graça que Tornou Maria Santa
A graça que operou em Maria a tornou santa. Ela foi agraciada para desempenhar a missão de ser Mãe do Salvador, uma nova história escrita, não mais em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne (cf. 2 Coríntios 3,3).

Para Orígenes, Maria é “como uma tabuazinha encerada sobre a qual Deus pôde escrever tudo aquilo que quis”. Ou seja, a graça que operava nela não encontrou resistência alguma. Maria é toda graça, é toda formosura, porque deixou-se preencher completamente pela vontade divina.

A vida de Maria nos encoraja a acreditar que, em nós também, repousa uma graça que nos santifica e nos conduz à conversão diária. Rezemos, pedindo docilidade diante da Vontade de Deus, para que, assim como Maria, o Senhor tenha liberdade para escrever a nossa nova história.

Não sejamos resistentes à proposta de Deus para nós. Essa proposta sempre nos impulsiona a darmos aquilo que, muitas vezes, acreditamos não ter para dar, mas, pela graça de Deus, descobrimos que é mais do que suficiente.

Meditemos: 2 Coríntios 12, 8-10.

 

7º Dia – O Dom da Graça e da Salvação
Quanta bondade de Deus ao nos sustentar com Sua graça, dando-nos as condições para segui-Lo e amá-Lo. Na plenitude dos tempos, Deus quis nos salvar. No entanto, “A salvação, em sua raiz, é graça e não resultado da vontade do homem: é pela graça que fostes salvos, mediante a fé. E isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2,8). Antes do mandamento, na fé cristã, vem o dom. E é o dom que gera o dever, não vice-versa. Quer dizer, não é a lei que gera a graça, mas é a graça que gera a lei. A graça, de fato, é a nova lei do cristão, a lei do Espírito” (CANTALAMESSA, 1992)

Hoje, rezemos com o dom de Deus, o dom Filhos de Sião. Ele nos convida a uma vida de seguimento a Ele, mas antes de nos pedir qualquer coisa, Ele nos dá. Antes de exigir, Ele concede! A Comunidade é um dom de salvação em nossas vidas.

Hoje, enumeremos nossos compromissos vocacionais e nos coloquemos em prontidão para vivê-los como graça de salvação, como caminho de santidade!

Meditemos: João 15,15-16.

“Pois o Senhor olhou para a humilhação de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de Bem-Aventurada, pois o Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor!” (Lc 1,48b-49)

 

8º Dia – O Tempo da Salvação: Maria, a Continuadora da Aliança
“O Senhor olha para os que o temem e esperam em Seu amor” (Sl 33,18). Na plenitude dos tempos, Deus realizou a promessa feita à filha de Sião, isto é, ao Seu povo amado e escolhido, que vivia sob o jugo das nações vizinhas, humilhado e oprimido.

A “plenitude denota aquele momento em que, pelo ingresso do eterno no tempo, do divino no humano, o próprio tempo foi redimido. Ao ser preenchido pelo mistério de Cristo, o tempo se torna definitivamente “tempo de salvação” (cf. RM). Assim, a encarnação do Verbo divino inaugura o tempo da salvação — um tempo iniciado em Maria, a Virgem, o tempo do Senhor!

Não se trata apenas de uma salvação física, como a libertação do povo de seus opressores, mas de uma libertação que ocorre no interior, de dentro para fora, no silêncio de um túmulo vazio.

Maria Santíssima é a continuadora da nova aliança. Ela é “o tipo e a figura da Igreja, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo,” como já ensinava São Ambrósio (cf. LG 63).

Peçamos hoje que nossa Mãe caminhe conosco neste peregrinar da fé. Que ela não nos deixe esmorecer diante das contradições e percalços da vida cotidiana. O Senhor redime o tempo, trazendo para nós o tempo Kairós, o tempo da graça.

Jesus é o Senhor do tempo. Peçamos que Ele ordene o nosso tempo para Ele. Organize sua rotina e não negligencie o tempo que é de Deus. Faça o propósito de fidelidade, buscando viver cada momento como um dom de salvação e um passo na santidade.

Meditemos: Romanos 8, 18-27.

 

9º Dia – A Fé de Maria: O Sim que Gera a Nova Aliança
Após o episódio da Anunciação, São Lucas narra a visita apressada de Maria à sua prima Isabel. Aquela que se fizera serva do Senhor no plano da salvação, agora se faz serva de sua prima. Maria nos serve por sua fé e obediência.

Ela entra na casa de Isabel e Zacarias, emudecida pela incredulidade deles, levando a alegria daqueles que creem. O Verbo se fez carne porque Maria acreditou! E é com essa fé que Santa Isabel clama: “Bendita és Tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre” (Lc 1,42).

Maria é bendita. Sua fé é bendita. Sua confiança é bendita. O seu sim é bendito, pois ela é a Mãe do Salvador. Ela é feliz porque acreditou! E todos aqueles que crerem também serão felizes! Esta afirmação ressoa por todas as gerações.

De acordo com o Catecismo da Igreja Católica (CIC 142), “a fé é a resposta do homem ao Deus que se revela”. A fé de Maria deu início à nova aliança, assim como a fé de Abraão deu início à antiga aliança. Ela foi a primeira a acolher o Senhor.

Hoje, tendo nossa Mãe como espelho, peçamos a Deus a graça de saber acolher o Senhor que vem a nós e de respondê-Lo com o dom da fé, vivendo de maneira prática o nosso compromisso com Ele. Que nossa fé não seja teórica e superficial, mas uma fé que abraça firmemente a Vontade de Deus.

Meditemos: Lucas 1, 39-45.

 

10º Dia – Maria: A Oficina do Espírito Santo
Santa Isabel louva a fé de Maria, reconhecendo nela a Mãe do Salvador. Pois Isabel também experimentou da ação do Onipotente, ao ser agraciada por Deus, com um filho na velhice, aquela que antes era tida como estéril. Agora, é atingida pelo favor de Deus.

Maria, no entanto, é virgem, imaculada, predestinada para uma missão tão sublime. Mesmo diante de tamanha preservação e favor, o céu aguarda o seu fiat, seu consentimento, pois Deus não viola a nossa liberdade. Não violaria a liberdade da sua amada Maria!  Mesmo sabendo que Maria não daria outra resposta senão o Sim, mas respeitou sua liberdade.

Para os Padres da Antiga Tradição, Maria foi o “tear”, a “oficina”, onde o Espírito Santo teceu ao Verbo suas vestes humanas, o “tálamo” no qual Deus se uniu ao homem. (CANTALAMESSA,1992)

Deixemos que Maria seja a oficina onde somos gerados para Deus. Como filhos de Deus, é necessário que sejamos gerados no mesmo seio onde o Filho foi gerado! Que ela nos ajude a viver, neste dia, o dom da pureza e a virtude da castidade.

Maria, que é virgem e sem mancha, forje em nós uma vida casta. Entreguemos os nossos excessos e impurezas para que, na Virgem Imaculada, sejamos fortalecidos na vivência desta virtude.

Meditemos: 1 Coríntios 6, 19-20.

 

11º Dia – O Todo-Poderoso Fez em Mim Maravilhas!
“O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas!” (Lc 1,49), exulta a filha de Sião. Maria é plenamente consciente de que para Deus nada é impossível. Ela é a prova viva disso: virgem, esposa e mãe! Maria é cheia da graça que a manteve intacta, sem mancha, tornando-se esposa do Espírito Santo no episódio da Anunciação.

Maria nos precede, é peregrina da fé! O Concílio Vaticano II ensina que “ela é, entre todos os que acreditam, como um ‘espelho’, no qual se refletem, da maneira mais profunda e mais límpida, as maravilhas de Deus” (cf. LG. At 2,11). Ela é a primeira do corpo místico, onde seu Filho é a cabeça, formada por todos aqueles que acreditam e fazem a vontade do Pai. Assim, a pertença e o parentesco com Jesus advêm do fato de realizar a Vontade de Deus.

Refletimos, então: Qual é o impossível que Deus precisa realizar na sua vida? Muitas vezes, reduzimos o poder de Deus ao cumprimento da nossa vontade ou à realização daquele milagre que tanto pedimos e desejamos. Esquecemos que a ação do Onipotente fez de Maria mãe e virgem ao mesmo tempo para que se cumprisse a Sua vontade. Maria foi submissa à vontade de Deus, e não o contrário. O Onipotente demonstrou Seu poder realizando Sua vontade na humilde Maria.

Peçamos à nossa Mãe, Maria Santíssima, a humildade para reconhecer o poder de Deus nas nossas vidas e para nos submeter a Ele. Tenhamos a coragem de dizer sim à Vontade de Deus!

Meditemos: Mateus 12, 46-50.

 

12º Dia – A Alegria Missionária: O Testemunho de Maria
Santa Isabel reconhece em Maria a Mãe do Salvador, e a presença dela e de Seu Filho enchem a casa de Isabel com o Espírito Santo. A criança no ventre de Isabel estremece de alegria. O Papa Francisco nos ensina que a alegria é missionária, e que a atitude de Maria em partir apressadamente é a atitude de quem ama, pois, a alegria quer comunicar o Autor dela.

Somos uma comunidade missionária, convidada a nos debruçar sobre aqueles que sofrem, sobretudo pelo jugo do pecado. Não devemos nos fechar em nossos próprios propósitos de santidade egoísta, voltados para nós mesmos, pois “ninguém se salva sozinho!” (Papa Francisco). Devemos ir em direção àqueles que estão apáticos, pelo jugo da incredulidade.

Assim como nossa Mãe, tomemos a atitude de “ir” e sermos um sinal para este mundo que baniu Deus de suas vidas (cf. EFS).

Refletimos, então: Quem precisa do nosso testemunho hoje? A quem precisamos ir e levar a alegria do Evangelho?

Meditemos: Atos 4, 29-31.

 

13º Dia – Maria, A Mãe do Filho de Deus
Maria aceitou a missão de ser a Mãe do Filho de Deus, e, portanto, ela é a Theotokos (do grego, que significa “Mãe de Deus”), mas também é nossa Mãe. Sua maternidade a faz mediadora em Cristo. Uma mediação subordinada ao dizer o seu “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra!” Ela nos ensina a entrega total e confiante em Deus, pois foi fiel até o fim na sua resposta. Caminhou com o Filho até o Calvário, participou do Seu esvaziamento e se tornou Sua discípula.

Assim, “aos pés da Cruz, Maria participa, mediante a fé, no mistério desconcertante desse despojamento. Isso constitui, talvez, a mais profunda kénose da fé na história da humanidade” (RM).

É neste cenário de dor e amor que Maria nos é dada como Mãe. Ela nos acompanha nesta peregrinação de fé e resposta a Deus.

Peçamos, neste dia, a graça de viver fielmente o chamado de Deus em nossas vidas. Que Maria, nossa Mãe, nos auxilie a ter constância diante do chamado, a não esmorecer diante das dificuldades e exigências da Vontade de Deus.

Reflexão: Tenho duvidado do chamado de Deus quando Ele se torna exigente? Qual lugar Ele tem ocupado na minha vida?

Meditemos: João 19, 25-27.

 

14º Dia – A Oração de São José de Anchieta e Nossa Mãe Maria
Neste último dia de caminhada com a Nossa Mãe, rezemos com o poema de São José de Anchieta, o apóstolo do Brasil. Este padre jesuíta, que foi “responsável” pela evangelização do nosso país, foi capturado pelos  índios tamoios em 1563 e escreveu um poema a Nossa Senhora nas areias da praia de Iperoig, com quase 5 mil versos. Rezemos com ele neste dia, louvando a vida de nossa Mãe.

Se possível, escreva também um poema ou declaração de amor a nossa Mãe.

Poema da Virgem Maria
Quem para celeiro te escolheu,
e em ti se encolheu,
te constitui sua mão distribuidora:
‘Ó celeiro, ó depósito inviolável do pão da Verdade,
ó mão generosa, mão sempre patente aos infelizes!’
(…)
Mendigo esfarrapado, eis corro aos teus celeiros,
pois este pão se compra sem dinheiro.
Não temo as trevas do Egito e a noite sombria.
Iluminado por teu Filho, tu és a minha estrela.
Para não me perder nos trilhos do deserto,
teus pés vão marcando, na areia, o meu caminho.

São José de Anchieta
Poema da Virgem Maria, vv. 3675 – 3685

O Senhor nos abençoe de Sião, a cada dia de nossas vidas!

REFERÊNCIAS

  • Carta Encíclica Redemptoris Mater, São João Paulo II, 1987
  • Concílio Ecumênico Vaticano II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen Gentium
  • Maria, um espelho para a Igreja, Raniero Cantalamessa, Aparecida, SP, Editora Santuário, 1992
  • Estatutos Filhos de Sião

 

Marília Ivina Mendes
Consagrada na Comunidade de Vida com Promessas Definitivas

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