Formação

Vida fraterna gera unidade

Nesta semana, vivemos várias cenas pascais. Jesus chega para todos e comunica a paz — a primeira coisa que Ele transmite é a paz: “Tranquilizai-vos.”

Tranquilizai-vos: deixem de lado a euforia, os medos, as verdades próprias que carregam no coração. Às vezes, tomamos como verdade coisas que não condizem com o Evangelho.

Saímos desses eventos pascais e chegamos ao diálogo de três dias com Nicodemos. É como se Jesus estivesse com ele no túmulo durante três dias, desejando ressuscitá-lo. Mas Nicodemos permaneceu preso às suas convicções.

Mesmo reconhecendo que Jesus era o enviado de Deus, ele não conseguiu dar o passo que Jesus tanto o provocava a dar. Preferiu ceder ao medo do coração, dar um passo atrás e permanecer na vida que já havia construído.

A primeira coisa que Jesus propôs a Nicodemos foi que ele nascesse de novo — e isso o perturbou, pois sua mentalidade ainda estava apegada às coisas deste mundo.

É preciso nascer de novo

Dentro dessa proposta, a comunidade nos chama a viver como homem novo. E esse novo que acontece em nossas vidas — que a comunidade nos propõe — não é uma mágica nem algo sensacional, mas sim o novo que Jesus propôs a Nicodemos. É preciso deixar o Espírito agir em nós; é Ele quem renova todas as coisas.

Diálogo profundo

Como Jesus amou Nicodemos, e como Nicodemos tentou amar Jesus. E aqui está o perigo que corremos: às vezes tentamos amar Jesus, mas estamos presos em nós mesmos e nos nossos próprios desejos. E, assim, não conseguimos verdadeiramente amá-Lo.

Somos chamado a uma vida em Comunidade

Precisamos da vida fraterna — ela é o sustentáculo da nossa vocação, do nosso carisma. Isso não pode ser indiferente ao Filho de Sião.

A comunidade, antes de ser uma construção humana, é um dom do Espírito. Antes de ser apenas o desejo da Lucinha de viver o propósito de Deus, ela é um dom do Espírito — e isso nos garante compreender que estamos vivendo no dom do Espírito. É esse dom que me impulsiona, me ensina, me exorta, me santifica, me faz Igreja, e me torna um homem para os dias de hoje.

Comunidade dom na minha vida

Quando entendemos a comunidade como apenas uma ideia de terceiros, ela perde força em nós.
Esse dom é o amor de Deus difundido em nossos corações por meio do Espírito Santo. E é esse dom que dá origem e constrói a família Filhos de Sião.

O dom dado por Deus, no Espírito Santo, constrói uma nova família para nós — uma nova família que se reúne com o Senhor.

Hoje é o nosso primeiro Cenáculo do Novo Tempo. Se não deixarmos esse amor, esse dom de Deus, infundir-se em nossos corações como uma nova família que se reúne ao redor do Senhor, não vamos entender que a comunidade é um bem para nós.

Esse dom, Deus nos deu por graça. Somos chamados a uma vida de unidade.

O modelo da unidade é Cristo

Em toda a dinâmica comunitária, Cristo permanece como o modelo de como construir a unidade. Jesus nos ensina a sermos um. Ele é o modelo. Fomos chamados e escolhidos para viver esse dom em torno d’Ele.

O mandamento do amor mútuo é o maior chamado à unidade. Jesus amou servindo — a maior expressão desse amor foi a cruz.

Nós, Filhos de Sião, deveríamos estar na Quinta-feira Santa, aprendendo a amar como Jesus: amar até dar a vida.

Viver a vida em unidade é viver a nossa dimensão evangélica. É amar como Ele amou.

Jesus, na cruz, amou a todos — até os que escarneciam d’Ele. Jesus escolheu homens e mulheres para propagar a Boa Nova, mas quando decidiu amar, Ele amou a todos.

Cristo dá à pessoa razões fundamentais para o amor: Jesus não colocou limites para nos amar. Foi um amor profundo — passou a vida inteira amando. Ele nos amou infinitamente, com um amor sem limites.

Aprender a amar — é por isso que nos reunimos tanto. Porque temos a necessidade de amar, e precisamos aprender a fazê-lo.

A verdade é que o que nos une é a nossa necessidade de Deus, a nossa busca por Ele. Essas necessidades se revelam nas nossas fraquezas, na lentidão em responder ao chamado de Deus e em entregar nossa vida a Ele. São justamente as nossas fragilidades que nos fazem buscar a Deus com mais sinceridade.

A comunidade ideal e perfeita ainda não existe. A Comunidade Filhos de Sião não é uma comunidade perfeita — a comunidade perfeita é a Comunhão dos Santos, a meta da Jerusalém Celeste.

A comunidade é o lugar de contínua transformação. Por isso, um dos nossos tripés, sabiamente, é a conversão diária.

Caminhemos juntos!

 

Francisco Adriano Silva
Cofundador e Formador Geral da Comunidade Filhos de Sião

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