Formação

XXVI Enchei-vos do Espírito Santo: Quando ainda éramos pecadores Cristo morreu por nós

Peçamos a graça de conhecer a Jesus hoje: “Mostra-nos quem Tu és, Senhor”.

Todos os dias esquecemos quem o Senhor é para nós e para o mundo. Basta para nós sabermos quem Jesus é, se estivermos com esta convicção e este propósito, de apenas saber quem Jesus é, já vale a pena.

Neste Enchei-vos o Senhor quer curar pessoas que tem sobre si imagens negativas; que não conseguem encontrar em si mesmas força, dons, talentos, e domínio para combater as forças do mal. Essa imagem falsa, negativa e deturpada, que adquirimos ou que alguém lançou sobre nós, perde o sentido quando o Senhor olha para nós e diz: “Eu te aprecio e te amo!” (cf. Is 43, 4).

Uma nova vida pela graça

Vejamos o que São Paulo escreve em sua carta aos Romanos 5, 1s.

Em Cristo fomos reabilitados de novo para a vida da graça. Uma nova vida, visto que a graça da salvação nós havíamos perdido, por causa do pecado. Ao fazermos opção por pecar, optamos por fugir da graça divina, mas — em Jesus — somos chamados a voltar com Ele e para Ele, dentro do convívio do amor.

Diante disso, nós nos gloriamos e nos alegramos em Cristo. Quando contemplamos Jesus na cruz, compreendemos que Ele deu a Sua vida pela “alma amada” — que somos nós. É Aquele que vem desposar as nossas almas, e nos trazer descanso… Até na tribulação encontramos consolo, pois, como afirma São Paulo, a paciência prova a fidelidade (cf. Rm 5, 4).

Em consequência da nossa rotina atribulada e agitada por tantas coisas exteriores, a nossa vida interior é prejudicada, e passamos a viver aquilo que está apenas fora de nós. Logo, isso se transforma em tribulação, e nos torna impacientes, longe dos planos e desejos de Deus.

Adriano Silva – Cofundador da Comunidade Filhos de Sião

A verdadeira fidelidade se renova

A fidelidade de verdade não consiste em “fazer por fazer”, cumprindo cotidianamente a obrigação: não se trata de apenas rezar o terço todo dia; ir à Santa Missa diariamente; ou procurar a oração diária. Ser fiel não é fazer todos os dias a mesma coisa, e sim, todos os dias acolher um novo diferente. A cada dia é uma novidade: fiel é aquele que transforma o que é de “todo dia” em algo novo.

Assim, diariamente Deus nos dá uma oportunidade inédita, totalmente nova para nós vivermos! Olhemos para Cristo e para a Sua oferta de amor extraordinária: Cristo na Cruz é um amor extraordinário! Ele nos ama com um amor singular.

Nós amamos Jesus como extraordinário?

Talvez, Cristo poderia apenas nos amar com o ordinário — Ele não deixaria de ser Deus. Mas assim, não conseguiríamos experimentar a salvação, e por isso Ele nos ama de forma extraordinária. Afinal, o que seria de nós se Jesus não tivesse nos amado dessa forma?

Infelizmente, vivemos numa dinâmica de retribuição e troca, onde tudo é cobrado. Estamos admitindo uma lógica de que se pode medir o que estamos ofertando. Essa lógica tem nos feito a amar a Deus com a nossa própria medida — amamos para ser amados —, enquanto Jesus nos ama gratuitamente, mesmo quando “ainda éramos pecadores” (cf. Rm 5, 8). Até maquinando o pecado, o Senhor nos ama; ao pecarmos, o Senhor também continua a nos amar.

A partir do olhar que direcionamos para a Cruz, a nossa vida é motivada. Olhemos para a Cruz e deixemos brotar em nós a vontade de dar mais, de dar um “extra”.

Questionemo-nos: Eu já fui além no amor? Ou desisto facilmente, pois chega uma hora em que digo “não dá mais”? O que nos falta é ir além. Podemos ter rezado muito, pedido muito, porém, não temos coragem de, ao nascer do dia, ir além.

Perante isso, o Papa Francisco nos diz que, se permanecermos no ordinário, na vida ordinária — no equilíbrio do dar e do receber —, as coisas nunca vão mudar na nossa história.

Se insistirmos apenas em dar e receber, as coisas não vão mudar, não vão ser diferentes na nossa vida. Logo, se as coisas não mudam, nós caímos no desânimo, e acabamos deixamos nossa vida ser “levada pelo vento”.

É lamentável, mas, muitas vezes, nós só queremos Deus quando as coisas ficam complicadas nas nossas vidas.

Viver do extraordinário

Assim sendo, Jesus nos convida a desequilibrar, isto é, sair dessa ideia de que “eu dou a quem me dá”. Ele nos chama a fazer o extraordinário, e nos provoca a dar mais, a sairmos de nós mesmos, a ponto de chegarmos a uma conclusão: tudo o que será feito, o será pela obra de Deus.

Portanto, paremos de equilibrar as coisas, de viver de troca, de dar somente porque recebe. Se não dermos um passo para o extraordinário, as coisas não mudarão!

O amor divino não calcula

Não esqueçamos que Deus nos ama com amor em excesso! Diferente de nós, que somos tão imperfeitos, que quando amamos alguém em excesso, estragamos a relação. Isso porquê somos egoístas, interessados em prender as pessoas a nós. No entanto, o excesso de Deus nos faz livres, capazes de ofertamos a vida, com tudo o que somos e temos… É que Ele vai sempre além dos cálculos, amando-nos com amor desproporcional.

Como nós calculamos nossa oferta de vida para Deus! Se não fizermos o que Deus quer, corremos o risco de não sermos felizes. Por isso, Ele nos convida a sair da lógica, não colocando nossa oferta na balança das nossas conveniências, fazendo somente o que nos é conveniente.

“Deus me chama para amá-Lo como eu sou. E vai me chamando a amá-Lo com esse extra, que eu não tenho, mas que, por graça d’Ele, eu rompo com a ideia de viver da troca, e vivo a gratuidade.”

Neste Enchei-vos, o Senhor nos chamou para nos dizer isto: “És precioso aos meus olhos, eu te aprecio e te amo…” (cf. Is 43, 4). Que grande declaração! Que nossa retribuição seja o “sim” sem cálculos, sem medidas.

 

Francisco Adriano Silva
Cofundador da Comunidade Filhos de Sião

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