Gostaria de convidar você, meu irmão, a sintonizar um pouco o seu coração para que nós possamos aprender um pouco mais sobre o desapego. Esse desapego vai nos remeter a um personagem da Bíblia que tem muito a nos ensinar hoje: Zaqueu. E para melhor absorver toda a expressão bíblica sobre este personagem, vamos fazer uma breve comparação com o Jovem rico, no Evangelho de São Mateus 19, 16-22, para que, também, a exemplo de Zaqueu nos desprendamos dos bens materiais, das coisas mundanas. O Senhor nos convida a nos erguermos, a olharmos par o alto, porque lá está o Cristo vivo.
O Jovem rico, apesar de ter um vida íntegra, algo ainda lhe faltava e ao responder a indagação dele sobre esse algo, observe que Jesus começa pelo 6º mandamento: “Não matarás”. E Jesus tem toda uma pedagogia nos fazendo entender que o que nos mata hoje é a ganância, o apego aos bens materiais, o egoísmo e o egoísmo gera em nós uma corrupção, e essa corrupção mata.
Zaqueu não era íntegro como o Jovem rico, não era justo, honesto nem puro. O jovem rico possuía boas qualidades, mas diante da proposta de Jesus, ele recua, ele vai embora. E Zaqueu faz o exemplo contrário, apesar do seu histórico de vida. O que mais precisamos fazer neste momento é buscarmos ficar próximos de Deus.
Nós precisamos ter coragem, precisamos buscar a verdade. Precisamos acreditar que Deus é capaz de restaurar toda a nossa frágil situação. A cura do cego de Bartimeu chega aos ouvidos de Zaqueu e ele já começa a perder um pouco a visão do interesse material sobre seus bens e ali já vai instaurando nele uma nova concepção a partir do que ele ouviu sobre Jesus Cristo.
Meu irmão, o que você tem ouvido de Deus? O que o mundo tem falado para você? Quais as ofertas que o mundo tem lhe feito? Abra seus ouvidos, irmão! Escute a Igreja, escute o Papa, escute o que a Igreja tem para você, os documentos, o Magistério, a Sagrada Escritura. Porque a Igreja oferta para você a felicidade e a felicidade eterna.
Assim, Zaqueu começa a ter um novo olhar, uma nova concepção de que ter tudo e não ter Jesus significa não ter nada. Ele começa então a dar passos para ver Jesus, porque ele sabia que Jesus ia passar. É então que ele sobe no sicômoro por conta de sua baixa estatura e do impedimento que a multidão lhe causa. São Beda faz um comentário onde ele fala do impedimento das multidões. Quantas pessoas lhe impedem de ir à Missa? Quantas pessoas tem impedido você de receber a Eucaristia? De ingressar em um Grupo de Oração, em um Vocacionado, em uma Comunidade? De estar a serviço de Deus e do Céu? Quantas pessoas nos impedem de acessar Jesus!
A subida de Zaqueu naquela árvore prefigura a cruz de Cristo. Faz-nos entender que nós também precisamos subir na cruz, porque nela está nossa salvação. E mesmo tendo que subir, mesmo que a multidão tentasse o impedir, Zaqueu não parou em suas dificuldades, e quantos de nós temos parado, nos limitado diante de nossas limitações e empecilhos.
Por isso, meus irmãos, nós não podemos parar, Deus olha para cada um de nós. Deus diz: “Eis que estarei convosco todos os dia até o fim”.
E quando Jesus coloca os olhos em Zaqueu e diz: “Desce depressa”, ele diz também para nós: É agora, é depressa, é urgente! Hoje Deus nos chama a uma conversão, a uma mudança de vida. E Zaqueu já desce daquela árvore diferente. Ao receber Jesus em sua casa, Jesus não precisou dizer nada para Zaqueu, a sua consciência recebe um clarão e passa a enxergar tudo de maneira diferente. Ele, então, se aproximou de Jesus, tomou a iniciativa de restaurar o que tinha defraudado, de dar metade de seus bens aos pobres.
Permita Deus entrar na sua vida, no seu coração, na sua história, para que Deus possa restaurar, modificar. Para que Deus possa dar desprendimento aos bens materiais. Os bens materiais não são tudo, tudo é Deus!
O encontro de Zaqueu foi tão profundo que ele não se contentou em dar só o que a lei o pedia, também é assim para nós. Quando temos um encontro com Jesus, nosso coração quer extravasar e foi isso que Zaqueu fez, extravasou para os pobres, extravasou em reparação.
Que nós possamos abrir as portas de nossa casa para que Cristo entre e faça a transformação a exemplo do que foi feito com Zaqueu. Que possamos seguir Jesus na subida a Jerusalém desapegados dos bens materiais.
Hoje a salvação entra na sua casa! Nosso prêmio é Jesus!
Paulo de Tarso Silveira Filho
Consagrado na Comunidade de Aliança Filhos de Sião