VOCACIONAL FILHOS DE SIÃO

Retiro Vocacional: Chamada aos Conselhos Evangélicos

Em se tratando de chamado, pensemos em Maria. Ela tinha um projeto de vida montado: já tinha um noivo, casamento marcado e bem próximo… Mas o Senhor fez uma intervenção na vida dEla. Também nas nossas vidas, Ele deseja intervir.

No caso de Nossa Senhora, interveio por meio de um anúncio de um anjo – e a intervenção foi tamanha, que Ela se perturbou, questionou, mas soube identificar, ouvi-lo, converter-se a essa intervenção divina, e respondê-la.

O chamado do Senhor é específico. Maria já era uma filha de Israel, uma mulher de oração, eleita… No entanto, foi chamada para algo ainda mais específica: ser a Mãe do Salvador. Conosco o chamado é para sermos também filhos, mas Filhos de Sião.

Ele espera uma resposta, como Maria Santíssima, que mesmo eleita, assumiu a missão com o seu fiat, como serva. E mais uma vez, no Magnificat, Ela exulta de alegria reconhecendo o Seu santo olhar sobre a sua humildade de serva. Cada Filho de Sião precisa corresponder o chamado como servos, a exemplo da excelsa Filha de Sião.

Três conselhos…

Para acolher esse chamado, para encarnar a vontade do Senhor, existem três regras, três conselhos que emanam da vida de Cristo. São os Conselhos Evangélicos: pobreza, castidade e obediência.

E por que vivê-los? Pois o pecado, desde Adão e Eva, desordenou a vida no mundo. As más inclinações que temos podem e devem ser ordenadas por meio dos Conselhos Evangélicos.

A primeira coisa que precisamos ter para sermos considerados seguidores de Jesus é ter um encontro pessoal com Ele. Desde o Batismo, quando recebemos o Espírito Santo, este vem nos preparando para esse encontro…

“Eu, por exemplo, tive minha primeira experiência com Jesus em um Seminário de Vida no Espírito Santo na minha juventude. Pouco tempo depois, eu já sabia que queria consagrar a minha vida a Jesus! Não sabia como aconteceria, mas desejava.”

Quando acontece o chamado de Deus conosco, brota tem nós o desejo de amá-Lo mais. E o fruto desse amor é perceber que já não nos pertencemos mais, mas pertencemos a Ele. Quanto mais somos dEle, mais somos do outro. Por isso que nossas famílias, nossos relacionamentos não são impedimento a essa pertença divina.

E como pertencemos mais a Deus? Sendo pobres, castos e obedientes. Afinal, os Conselhos Evangélicos nos conformam a Cristo, para nos parecermos mais com Ele e, assim, levar ao mundo a Sua bondade. É a maldade humana é o que prejudica o mundo.

Infelizmente, tudo o que não provém do Pai vem do mundo, e é, portanto, corrompido pelo homem. É necessária a consciência do que nos diz São Paulo, que tudo nos é permitido, mas nem tudo nos convém. Compreender que daqui por diante, acolhido o chamado divino, passa pelo nosso querer o que permitimos em nossas vidas.

Como se aplica os Conselhos Evangélicos na prática?

A concupiscência é o termo utilizado para caracterizar a cobiça ou o apreço por bens materiais – dos olhos – e corporais – da carne. São os excessos que ferem a castidade, pois eles fogem da ordem.

Logo, a inclinação para o pecado é alimentada quando satisfazemos esse desejo pelo excesso. É também por isso que o Senhor nos chama para uma vida comunitária, por exemplo, pois a partir dela aprendemos a dividir e compartilhar.

Somente aqueles que são pobres conseguem compreender a pobreza de Deus. O Pai confundiu toda Israel ao fazer com que Cristo nascesse numa manjedoura na pobre Nazaré. Ninguém esperava que o Salvador nascesse de um casal pobre, uma menina e um carpinteiro… Trazendo para a nossa realidade, as pessoas ao seu redor esperavam que qualquer outro fosse um consagrado, exceto você.

Embora pobre, Cristo é o dono de tudo, o Rei do Universo. Sendo pobre, conhecemos o poder de Deus. Diferentemente do orgulhoso, que se basta a si mesmo, e não quer buscar Aquele que pode dar tudo.

Já a obediência evangélica é capaz de transformar, de modo radical, aquilo que o coração humano procede da soberba da vida. Olhamos para Cristo, modelo perfeito, em tudo Ele obedeceu a vontade do Pai, e as leis de Seu tempo, apesar de – algumas vezes – os fariseus o tenham perseguido pelos milagres em dia de sábado… Ele foi um homem profundamente obediente.

A partir dessa imitação do Cristo pobre, casto e obediente é possível ser feliz. Não quer dizer que não haverá dificuldades no caminho… Mas você será feliz!

Conselhos para os Filhos de Sião

Também neste Carisma somos chamados a nos consagrar a Jesus por meio dos Conselhos Evangélicos.

O Filho de Sião vive a pobreza assumindo a vontade de Deus, inspirada em Santa Teresinha, pois ela nos ensina: “Quero o que Deus quer, o que Ele faz é o que eu amo”. Trata-se ainda de viver apenas com o necessário, evitando o acúmulo e partilhando com os irmãos, com a Comunidade e com a Igreja.

Sobre a castidade, temos que esta é o que nos qualificará para amar o próximo e a Deus. Nisso seremos capazes, pelo autodomínio, de vivermos ordenadamente.

Por fim, a obediência é para nós uma grande fonte de bênçãos. É ela o eficaz instrumento para o Senhor purificar as nossas vontades, que, geralmente, são interesseiras… Libertados delas, estamos livres de possíveis enganos. É a virtude dos santos! Obedecemos a quaisquer autoridades, naturais ou constituídas, por causa de Cristo.

“Em Seu infinito amor, o Pai quis escolher almas esposas para o Seu divino Filho. E para isso não escolheu as melhores ou as mais belas, mas a fim de manifestar Sua glória e Seu poder, resolveu escolher as mais fracas e pecadoras, os vasos de argila, para aí manifestar e realizar Sua obra.”

 

Francisco Adriano Silva
Cofundador da Comunidade Filhos de Sião

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