“Minha vida ninguém toma, eu a dou livremente a Ti…”. Esta foi a oração de Cristo no Getsêmani (cf. Jo 10, 18; Lc 23, 46).
Onde estamos nos apoiando?
Diante disso, saibamos que o caminho vocacional precisa ser feito com os pés no chão. Portanto, onde estamos apoiados? O “chão” cujo qual os nossos pés devem estar firmados é no Carisma Filhos de Sião.
A entrega de Cristo foi em vista da salvação, que é, de fato, para todos. Mas o Senhor, em Sua bondade, quis escolher alguns, a fim de estar com eles, de se dar a conhecer por eles, para posteriormente enviá-los em missão.
Logo, o chão que os discípulos pisaram foi o do chamado de Cristo a cada um deles.
Podemos refletir: por que Jesus fala com os Seus de maneira diferente? Pois eles não são seus servos, mas seus amigos (cf. Jo 15, 15), e são amigos porquê lhes foi dado conhecer o Senhor.
Chamado à amizade
Desse modo, Jesus quer nos chamar não para “eventos mensais”, encontros vocacionais apenas… Não! Ele nos chama mensalmente para tocar em nossas feridas, curar-nos, revelar-Se amigo nosso, e nos enviar em missão.
A partir de um coração grato, isto é, aquele que possui o movimento de se ofertar, somos chamados a também fazermos nossa oferta. A exemplo de Jesus, que fez uma doação gratuita – sem esperar retorno – e por isso mesmo, Ele não esperou que o homem fizesse algo para que Se entregasse como o fez.
Jesus deu livremente Sua vida ao Pai, em gratidão ao Pai (cf. Lc 23, 46)!
Escolhidos por Deus
O vocacional é um momento para pararmos e percebermos que fomos escolhidos. Ele usou de muitas estratégias para que fizéssemos parte do grupo dos Seus amigos – aqueles que O conheceram verdadeiramente a partir do seguimento.
Os apóstolos se tornaram amigos de Cristo porque viveram o “vem e segue-Me” (cf. Mt 16, 24), isto é, acolheram a intimidade da amizade, a ponto de ouvirem as palavras do Mestre não em parábolas, mas a verdade tal como ela é, “nua e crua”.
Tendo em vista tudo isso, compreende-se que só podemos dar aquilo que temos. Ora, se não tenho a minha própria vida, não posso entregá-la a Deus!
Escolhidos dentro de um Carisma
Entende-se como Carisma um dom dado em vista do bem comum (cf. 1 Cor 12). A primeira característica dos carismas do Espírito Santo é que eles promovem o bem comum, não são direcionados a si mesmos apenas, porque, se assim fosse, seria um carisma pessoal, não do Espírito.
Dessa forma, o Senhor dá o carisma a um ou alguns com a finalidade de santificar. Nós filhos de Sião, por exemplo, temos nossa fundadora que recebeu um carisma, um dom de Deus particular – somente a ela –, e os demais membros da Comunidade bebem do transbordamento desse Carisma – o carisma de fundação.
A santificação, que ocorre em nós pelos carismas do Espírito Santo, nos conduzirá a vivermos a esperança, a fé e a caridade. Conforme o Catecismo da Igreja Católica, os carismas são ordenados para a edificação da Igreja, o bem dos homens e as necessidades do mundo. Logo, Deus nos dá esses dons em favor da Igreja e dos homens. Ele suscita o carisma Filhos de Sião em nós para esse objetivo!
O Espírito é sempre novo
Um carisma é algo novo na Igreja, pois é um dom, um presente – e ninguém dá presentes velhos, inúteis ou antigos… Trata-se de algo novo, bom e útil, que vem acrescentar às nossas vidas. É uma graça particular para cada um de nós, e para todos aqueles que são e serão tocados através de nós. É uma manifestação de Jesus para as necessidades do mundo!
Ainda, esse dom pode ser levado a outros, pois o carisma é transmissível! É dado a nós desde sempre e para sempre. Compreendamos que não colocamos dentro de alguém o carisma, mas porque ele é transmitido, as pessoas poderão ouvir, e identificá-lo dentro de si. É por isso que o carisma nos torna irmãos, uma grande família.
Mas como ele se manifesta em nós? O carisma se expressa nos meios e nos métodos. Ou seja, vamos exemplificar: todos os cristão louvam, mas na Comunidade Filhos de Sião o louvor se dá nos moldes do Carisma Filhos de Sião.
O dom Filhos de Sião
“Louvar e adorar o Amor que não é amado” é este o nosso Carisma! Fomos escolhidos para amar a Cristo através do dons de louvor e adoração.
O que sustenta o Carisma é o louvor e a adoração! No Seu amor, o Senhor chamou os imperfeitos para amá-Lo, pois os perfeitos já O amam – e é Ele mesmo quem nos dá o amor para correspondê-Lo. Podemos tão somente entregá-Lo as nossas vidas, porque é só isso o que temos. Ele não nos chama para fazer coisas, mas para SER: ser discípulo, ser amigo, ser alma esposa.
Por essa razão, o fazer é consequência do ser, é um transbordamento do que há dentro de nós, e gera frutos, gera vida!
Não esqueçamos que vocação não é profissão, pois nesta é preciso estudo, preparação, um “esforço pessoal”; enquanto a vocação é a vivência da vontade de Deus, a qual precisamos responder.
O carisma é o novo que nos leva a amar a Deus, a Igreja e os homens. Vejamos como vivê-lo na Comunidade:
A espiritualidade do louvor
O louvor seja para nós, filhos de Sião, a honra da vitória (cf. EFS). Não murmurar diante da dor, mas manter em paz nossos corações, inspirados em Daniel 3 e no Salmo 149, nos fazendo viver de modo glorioso apesar das situações difíceis. Também reconhecer a grandeza do Senhor e Suas maravilhas é uma forma de louvá-Lo.
A espiritualidade da adoração
Na adoração o Filho de Sião está ali para amar o Senhor. Sua preocupação primeira é amá-Lo. Ainda que sejamos pedintes, adorar Amado é nossa primazia, de forma total, reconhecendo a Sua divindade e a pequenez humana.
Somente pela adoração podemos chegar ao amor pleno, em espírito e em verdade, de todo coração, de toda a alma, e com todas as forças (cf. Jo 4, 23; Dt 6, 5).
Amemos o Amor que não é amado pelo louvor e pela adoração, aos moldes do Carisma Filhos de Sião!
Francisco Adriano Silva
Cofundadora, Consagrado na Comunidade de Vida com Promessas definitivas