Quem melhor viveu estas virtudes: Pobreza, Castidade e Obediência?
A Igreja apresenta essas três dimensões da vida de Cristo como “Conselhos Evangélicos”. Podemos perceber como Ele viveu essas dimensões a partir da Sua vida: no modo como Ele pregava, realizava milagres, falava e tratava as pessoas, no jeito de rezar, se expressar e tudo mais.
E essas dimensões caracterizam uma vida consagrada. Aqueles que se consagram, se entregam a Deus o fazem a partir da vivência da pobreza, da castidade e da obediência.
A Igreja não tem o poder de fazer modificações dessas dimensões: ela nos apresenta, propõe, explica. Isso porque os conselhos evangélicos não são de origem eclesial, mas cristológica. Portanto, veio do próprio Cristo.
Aqueles que procuram viver esse chamado, de entrega e doação total, os conselhos evangélicos apontam a vida vivida para Deus e para o irmão, não a vida para si.
A pobreza de Cristo (e a do jovem rico)
A liturgia deste domingo nos dá uma mostra dessa realidade: vejamos Marcos 10, 17ss. A partir do Evangelho, percebe-se que os mandamentos citados por Cristo são em relação ao outro, isso porque Ele via naquele jovem a sinceridade de cumpri-los, no entanto, faltava-lhe o principal: amar a Deus sobre todas as coisas.
Assim, os conselhos evangélicos foram vividos por Jesus de maneira perfeita, a fim de mostrar que também nós devemos viver a Seu exemplo.
Enquanto o jovem era rico, Jesus é pobre. A pobreza de Cristo foi um verdadeiro esvaziar-se. Ele não possuía plano nenhum, Seu plano era o plano do Pai. Não só a pobreza material, de ter nascido na miséria da manjedoura, de não ter onde reclinar a cabeça durante Sua caminhada e vida pública. A pobreza de Jesus é muito mais profunda, é um desapego total. E mesmo tendo sido tão pobre, não deixou de ser Rei, e viver Sua realeza divina em todos os aspectos.
Quanto à castidade, Cristo entendeu e viveu Suas limitações – humanas – em plenitude. É uma dimensão que diz respeito ao corpo, mas muito mais à alma, visto que o corpo ‘sofre’ as consequências daquilo que aconteceu primeiramente na alma. A castidade é a dimensão que nos ordena. Ordenado internamente, conseguirei ser casto nos meus relacionamentos, comportamentos, tratamentos, como lido com meus vícios e pecados.
A castidade de Cristo
Por causa disso, ao apresentar os conselhos evangélicos no Catecismo, a Igreja inicia pela castidade, pois é a partir dela que tudo é ordenado, e é possível viver as demais dimensões da vida de Jesus. Tudo que Ele viveu teve ordem – Seu exagero foi apenas no amor! Que, para nós, foi a medida certa!
Não pensemos que Jesus, porque era Deus, não se preocupou com o corpo. Ele foi casto em tudo, também no corpo. Certa vez, ouvi que uma das maiores dores de Cristo, muito provavelmente, foi estar despido na Cruz, também sendo visto por Sua Santa Mãe.
A obediência de Cristo
Por fim, a obediência. Ninguém deu exemplo melhor de obediência senão Jesus. Ainda que Maria Santíssima tenha vivido todas essas dimensões, Ela as viveu por causa de Jesus, para Jesus.
Desde o ventre materno, na Sua vida terrena, até o suplício da Cruz, Jesus não hesitou, não questionou, não se esquivou, não descumpriu as Leis: Ele foi obediente até a morte. Ele estava sujeito à Lei, e também Sua família. Reflita por um momento: Deus Filho precisava ser apresentado ao templo? E Maria precisava ser purificada? Não. Cristo, bem como a Sagrada Família, viveu a obediência.
Mas afinal, por que o jovem rico saiu abatido da presença de Jesus? Porque ele tinha muitos bens, mas pouco amor. Diante disso, São Paulo nos exorta: sem amor, somos tal como um sino que retine apenas.
Falando tudo isso, parece impossível, não é mesmo? Mas nós precisamos fazer diferente do que fez aquele jovem rico. A nossa vivência do Evangelho ganha sentido no amor. O que hoje Deus nos desafia, nos chama é que vivamos essa entrega, essa doação total. Nada neste mundo é mais importante do que essa vivência! E a vida consagrada consiste nisso! A minha vida, a sua vida ninguém toma! Eu dou, você dará livremente. Lutemos para viver esses conselhos evangélicos como Cristo!
Maria Izabella Silva de Sá
Consagrada na Comunidade de Aliança com Promessas Definitivas