O chamado a uma vocação não parte de uma pessoa qualquer, mas de Deus. A nascente da vida consagrada é Ele, o Pai, que nos consagra a Jesus. É também Ele quem nos sustentará na caminhada. No fundo, é o Pai quem nos traz até aqui, logo, a iniciativa é dEle.
Assim, o modelo de toda vida consagrada é o próprio Cristo – Ele se ofertou ao Pai em detrimento da salvação de toda a humanidade. Esta era a vontade do Pai.
Conduzidos por João 17,19s, reflitamos a entrega de Jesus.
Consagrar-se só por amor
Como o Evangelho apresenta, Cristo deu a vida por amor ao Pai, e é desse exemplo de consagrado que precisamos encontrar como faremos: o consagrado é aquele que dá a vida.
Consagrar-se é, portanto, um ato de entrega total e voluntária, com o propósito de viver em conformidade com a vontade dEle, em comunhão profunda, buscando a santidade.
A consagração implica a doação da vida como um todo: o que somos e temos, material e espiritual. Fazendo o uso da liberdade, escolhendo a vontade divina. Ainda que para o mundo pareça que somos até desocupados, ao nos ocuparmos com o Reino de Deus, é apenas o cumprimento do que São Paulo disse, loucura para os homens, sabedoria de Deus.
Consagrar a vida é um passo de sabedoria e santificação.
Isso significa também renunciar. A consagração é doação de vida, então haverá muitas renúncias para estar de acordo com o modelo, à estatura de Cristo. Se renunciamos uma coisa, obedecemos à outra.
A adoração e os frutos
Além de tudo, consagrar-se é, ainda, uma adoração a Deus. Isto é, tudo o que fazemos demonstra amor ao Pai, glorifica-O, e, por consequência, aquilo que não se adequa ao ser adorador acaba saindo de nossas vidas, vamos deixando pouco a pouco – desde comportamentos e lugares, até roupas e pessoas.
Dessa forma, podemos dizer que o consagrado é um outro Cristo. Ele encarna a paixão, compreendendo que sempre é possível dar mais, entregar mais. Mas que não estaciona, pois segue rumo à Ressurreição. É Cristo o sentido!
Somos uma centelha de amor de Deus no mundo para salvar as almas.
A vida consagrada implica em frutificar almas para o Céu, como diz o Evangelho: trinta por um, sessenta por um, cem por um (cf. Mc 4,8). O Senhor escolhe alguns para ser sinal de Cristo no mundo, a fim de iluminar, de lembrar quem Ele é.
Não nos preocupemos… O Senhor se encarrega de todas as coisas, e providenciará o necessário.
A vida consagrada é obra do Espírito Santo, Ele desposa nossas almas, fazendo de nós almas esposas de Cristo.
Consagração segundo um Carisma
Essa realidade – a consagração – quando vivida em um Carisma funciona conforme espiritualidade, os valores e a missão daquela comunidade. E por que Deus dá carismas? Com o objetivo de atender necessidades particulares da Igreja – e também do mundo, pela evangelização, educação, cuidado com os pobres…
Afinal, o que é necessário para consagrar-se num Carisma?
- Identificar-se com o Carisma: Alguém se sentirá chamado a partir da espiritualidade daquela comunidade; encontrar o próprio lugar;
- Formação inicial: Passar pelas etapas vocacionais para discernimento e preparação rumo à consagração, aprofundando-se no Carisma;
- Promessa de viver os Conselhos Evangélicos: A formação será para aprendermos a praticar a pobreza, a castidade e a obediência, segundo Cristo;
- Viver comunitariamente: Não se vive isoladamente, é uma vivência familiar – vivendo a vida da comunidade.
E por que se consagrar?
Porque o Senhor nos chama em vista da Comunidade, da Igreja e das almas, pela construção do Seu Reino.
Qual a tarefa do consagrado?
Tornar visível as maravilhas de Deus em nós, provocando a admiração do mundo, que, ao olhar para nós, se lembrará de Deus. Os homens sentirão o encanto e a beleza divina. Refletiremos o mistério da Cruz, a Paixão de Jesus pela humanidade; incutir a esperança do Céu e a brevidade desta vida.
O consagrado é aquele que tem sede de salvar almas.
Vander Lúcia Menezes Farias
Fundadora e Moderadora Geral da Comunidade Filhos de Sião