VOCACIONAL FILHOS DE SIÃO

Retiro Vocacional: O tesouro escondido dos Filhos de Sião

A vida espiritual do Carisma é sustentada, embasada em um tripé. Mas antes de conversar sobre isso, vamos ler a Palavra de Deus, que está em Mateus 13,44-46.

O Evangelista compara o Reino dos Céus com um tesouro escondido. Veja como é simples a atitude do homem que encontra esse tesouro, a pérola preciosa, vendeu tudo para adquiri-lo. Quem encontra essa pérola, parafraseando São Paulo, tem tudo como perda, tudo deixa para tê-la. E não se trata de uma expressão: deixar tudo é, de fato, tudo mesmo!

Não significa que você vai ser irresponsável com as demais coisas, mas quer dizer que você amará menos, para amar mais a Deus e Sua Santa Vontade.

Quantas vezes chegamos tão armados, com as nossas próprias vontades, com as nossas “vidinhas arrumadas”, e parece que Deus não chamará aqueles que são ocupados e cheios de planos. Não é assim! Ele não chama desocupados, mas chama a todos.

Um chamado maior

Saibamos, de antemão, que o chamado de Deus é maior do que nós mesmos. Haverá dias em que não daremos conta! E não se trata de sermos apenas responsáveis no cumprimento dos deveres… É mais. Olhemos para Nossa Senhora: seu chamado foi ou não bem maior do que Ela mesma? A humilde Maria compreendeu que a graça divina lhe daria – e deu! – condições de correspondê-Lo.

Ao nos chamar, o Senhor sabe de todas as nossas circunstâncias. Ele não chamou um desconhecido, pelo contrário. Além disso, Ele não nos violenta, Ele nos propõe a Sua vida.

Aquele homem do Evangelho encontrou um tesouro. Ele fez um grande investimento! Atualizando para nós, também precisamos fazer esse investimento: do próprio tempo, da própria vida. Não será fácil, é verdade, não serão apenas flores. Quem nos chama não nos ilude! Mas o Senhor recompensará Seus valentes guerreiros, que investiram em vista do Reino.

A oração do Filho de Sião

O primeiro “pé” do nosso tripé vocacional é a Oração Contemplativa.

Para os Filhos de Sião a oração é primazia, pois só persevera quem reza. E este orar deve acontecer de modo contemplativo. Como bem descreveu São João Maria Vianney: “é olhar para Ele enquanto Ele olha para mim”. Nossos Estatutos dizem que é olhar atenta e embevecidamente.

É preciso parar para ouvir a voz de Deus, e apresentá-Lo a verdade dos nossos corações. A oração é, portanto, para amar. Porque aprendemos de São Francisco de Assis que o Amor não é amado. Por isso, vamos rezar para contemplar o Crucificado, até termos a coragem que Ele teve de dar a vida.

Desconfie de uma vida de oração que não leva à ação. Contemplar, isto é, olhar para Jesus, é olhar também para aqueles que são objetos da Criação, os rostos vivos de Cristo – a humanidade.

A vida de oração na Comunidade é composta por: oração pessoal; oração comunitária; estudo da Palavra de Deus; leitura orante da vida de cada baluarte; e a convivência fraterna e apostólica.

A conversão do Filho de Sião

O segundo é a Conversão Diária. Assim como a oração, a conversão é algo para a vida toda. E é um processo diário, pois a cada dia reconhecemos a necessidade de converter-se a Deus, à Sua vontade e ao Carisma Filhos de Sião. Concluímos que a real mudança que deve acontecer é nas nossas mentes, uma metanoia – mudança de mentalidade.

Dessa forma, ao compararmos a lógica do mundo em relação à evangélica, percebemos que são totalmente divergentes. Logo, entendemos que todos os dias há algo para converter em nós. Esse é o presente que recebemos pela oração: a conversão.

Os exercícios espirituais desta parte do tripé são: prática da abstinência de carne, do jejum e das penitências semanais. Estes ajudarão no autodomínio, segundo a capacidade de cada um, sendo a maior e melhor renúncia que podemos fazer é às ocasiões de pecado.

A fraternidade do Filho de Sião

O último “pé” se refere à Vida Fraterna. Fundamentada em João 13,34: “amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”, nosso relacionamento com os irmãos deve ser amando como Cristo – dando a vida, sem jogo de interesses, nem com possessividade… Amaremos com o amor que foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (cf. Rm 5,5).

É interessante perceber: Deus nos amou quando ainda éramos pecadores. Ele nos amou e ama “sem motivo algum”, e é com esse mesmo amor que vamos amar o irmão, ainda que não tenhamos sentimentos por ele. O amor não é um sentimento. Nossas relações devem ser baseadas no zelo e no respeito; livre da indiferença e da discórdia; regadas pelo perdão.

Partindo do princípio de que a vida comunitária é formada com santos e pecadores, precisamos acolher este projeto de vida, compreendendo que os limites do outro nos ajudarão.

Como Maria Santíssima, podemos questionar: “Como se fará isso?”, desde que tenhamos a disposição de responder também como Ela: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”.

Ainda que exigente, esse projeto de vida nos conduzirá!

 

Marília Ivina Mendes
Consagrada da Comunidade de Vida Filhos de Sião

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